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Madeira

"As levadas e os poios são o nosso maior património"

Foto Miguel Espada/Aspress
Foto Miguel Espada/Aspress

Raimundo Quintal, geógrafo e criador do Parque Ecológico do Funchal há 30 anos, orador do Madeira 7 Talks, é uma voz que todos deviam ouvir na área da botânica e da ecologia, que já passou por muitos estudantes, alguns dos quais presentes na sala.

"É uma mentira que as veredas e levadas da Madeira sejam perigosas, há é pessoas que não se prepararam para as fazer", atirou a começar. "Colocam-se em risco mas também colocam os membros da protecção civil que são de excelência – e eu sou crítico de muita coisa na Madeira –, mas esses são de topo, arriscando todos os dias para salvar pessoas sem noção".

Sobre as levadas da Madeira "são para se usufruírem, a paisagem envolvente são para serem usufruídas", pelo que "para mim é um grande desgosto, um soco no estômago que as levadas da Madeira não tenham sido classificadas como património. Não o foram por teimosia política de achar que 8 levadas do século 20 poderiam representar o património iniciado em 1500. Haveria levadas a preservar e a conservar e, sobretudo, faltou uma explicação explícita sobre as levadas e os poios que, já agora, são património mais icónico da Madeira", acredita.

Sobre os incêndios e o gado na serra, Raimundo Quintal alertou para a carga de madeira seca no Porto Santo, mas que apesar do risco, nunca acontecem incêndios. Porquê? Porque a maioria dos fogos na Madeira são fogo posto, a negligência é outro problema. A mentalidade poluída das pessoas é que temos de combater, com educação ambiental e não com partido a, b ou c", frisou. Ou seja, "tem de começar nas escolas, mas de facto é também em casa que se deve dar exemplos".

Abordou ainda a temática do jardim botânico adiado ou que nunca irá ser efectivado no Tecnopólo e que, agora, irá quase desaparecer para surgirem duas torres, que "não estão à distância regulamentar da linha de água (da ribeira)", acusou. Raimundo Quintal salienta que ali estavam mais de 500 espécies de plantas de interesse, deixadas ao abandono, ele que na sua tese de doutoramento analisou todos os jardins do Funchal.

Questionado a falar sobre o 'seu' Marítimo, Raimundo Quintal diz acreditar que o clube vai renascer das cinzas, atirando críticas ao anterior presidente do Marítimo, mais concretamente ao comunicado desestabilizador que divulgou antes do jogo Santa Clara - Marítimo, dizendo que "este não é um líder é um destruidor".