Dói não dói?
1. Analisando a sucessão de acontecimentos, que em qualquer normal estado democrático teriam consequências, nem que fossem morais, constatamos de forma clara que estamos capturados numa lógica de manutenção de poder e lugarzinhos de deputados, por todos os intervenientes que podiam fazer a diferença. Isso dói.
Dói a falta de moralidade e sentido de estado na defesa do bem maior, dói o nível de hipocrisia dos diferentes atores políticos, dói pensar o que podíamos ter enquanto sociedade e não temos por decisões desastrosas. Dói pensar e olhar e não ver qualquer alternativa política de quem detém o poder partidário. Dói pensar que tudo o que vivemos neste ano de 2024, dentro do Partido Social Democrata e na Região, podia ter tido outro rumo se as opções dos seus dirigentes tivessem sido outras.
Dói reviver uma mensagem que recebi de um alto dirigente do partido, na altura das eleições internas, onde já se sabia que se tudo se mantivesse, como veio a acontecer, as consequências eram claras. Tudo o que está a acontecer era previsível e perante a troca de argumentação respondeu-me com “prefiro um ladrão, a um vilão”.
Não sei se é ladrão ou não, mas agora mais que nunca, tenho a certeza que o “Vilão” do Manuel António Correia (porque é oriundo de uma zona rural, de origens humildes e que cresceu a pulso) era e é a única alternativa política, credível e séria, que podia e pode trazer um novo rumo para a Região. Recentemente tentaram “jogá-lo” para a Câmara do Funchal. Com Autárquicas à porta e todos os potenciais candidatos feridos de morte por processos judiciais tentam “matar 2 coelhos de uma cajadada só.” Um “ladrão“ possivelmente caía na esparrela, o “Vilão” manteve-se firme nos seus princípios, honrando mais uma vez os que nele acreditam, deram a cara e até sofreram por causa disso.
2. De todos os milhões empregues pelo PRR para resolver o problema da habitação na RAM de responsabilidade pública, o único modelo, a meu ver, realmente sério, é o programa de habitação de rendas sociais e rendas acessíveis e que devia ser replicado em todos os concelhos para fixar as populações e que a médio prazo serviria para regular o mercado de arrendamento no seu todo. Desculpem, mas não concordo que os meus impostos sirvam para oferecer casas. Dói perceber que muitas casas dadas no passado, hoje já se tornaram em alojamentos locais, estão no mercado à venda a preços proibitivos ou vazias pois os seus detentores simplesmente já nem vivem na RAM. Acredito que os meus impostos, numa lógica de solidariedade sirvam para ajudar as pessoas, mas que todas tenham sempre responsabilidades de contribuição. Contudo é uma medida que dá muito mais “trabalho”. Programas de formação cívica e integração das pessoas, fiscalização, regras claras e justas, investimento cuidadoso e com custos altamente controlados, decisões muitas vezes difíceis de imposição de responsabilidades. Isto não é novidade e já é prática em vários países europeus. A título de exemplo, Viena é a cidade com maior quantidade de habitação pública. Um em cada quatro habitantes mora em apartamentos de rendas sociais ou reduzidas. Dói perceber como é possível uma região com apenas 250.000 habitantes tenha uma problema tão grave como o que vivemos.
3. Cara Magna, deputada do Chega no Parlamento Regional, dói ver-te enredada nessa trama partidária completamente absurda. Neste momento só tens 2 saídas em prol da tua dignidade: Ou tornas-te deputada independente ou renuncias ao teu mandato.