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Situação no norte da Faixa de Gaza é "catastrófica"

Foto EPA/HAITHAM IMAD  
Foto EPA/HAITHAM IMAD  

O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS) advertiu hoje que a situação no norte da Faixa de Gaza é "catastrófica", devido à devastação da guerra, com "operações militares intensas dentro e à volta das instalações de saúde".

"A situação no norte da Faixa de Gaza é catastrófica", declarou Tedros Adhanom Ghebreyesus na rede social X, sublinhando que "uma grave escassez de material médico, associada a um acesso extremamente restrito, está a privar as pessoas de cuidados vitais".

O diretor-geral da OMS referiu-se em particular à situação em Kamal Adwan, o último hospital em funcionamento no norte de Gaza, que foi invadido pelas forças israelitas na sexta-feira, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza.

Segundo o ministério, o ataque às instalações do campo de Jabalia, onde Israel lançou uma grande operação militar no início deste mês, causou a morte de duas crianças.

Aquele departamento acusou também as forças israelitas de terem detido centenas de membros do pessoal, doentes e pessoas deslocadas.

O exército israelita disse que as suas forças estavam a operar nas imediações de Kamal Adwan, mas afirmou "não ter sido informado de qualquer fogo real ou ataques na área do hospital".

Segundo Tedros Ghebreyesus, depois de a OMS ter perdido temporariamente o contacto com o seu pessoal no hospital durante o caos, o Ministério da Saúde de Gaza informou que o cerco tinha terminado.

"Mas isto teve um preço elevado", acrescentou o diretor-geral.

Na sexta-feira à noite, a OMS anunciou que três assistentes e um outro profissional ficaram feridos no assalto ao hospital e que dezenas de assistentes foram detidos no estabelecimento de saúde, que albergava cerca de 600 pessoas, entre doentes, assistentes e outros.

"Após a detenção de 44 funcionários do sexo masculino, apenas uma funcionária, o diretor do hospital e um médico do sexo masculino permanecem no hospital para cuidar de quase 200 pacientes que necessitam desesperadamente de cuidados médicos", lamentou hoje Tedros Ghebreyesus.

"As informações sobre as instalações hospitalares e o material médico danificado ou destruído durante o cerco são deploráveis", acrescentou.

Segundo o representante, "todo o sistema de saúde em Gaza está sob ataque há mais de um ano", desde que o movimento islamita palestiniano Hamas atacou Israel, em 07 de outubro de 2023, desencadeando uma guerra.

Esse ataque fez 1.206 mortos em Israel, a maioria civis, segundo uma contagem da agência AFP baseada em números oficiais israelitas.

Dezenas de reféns raptados nesse dia continuam a ser mantidos em cativeiro em Gaza pelo Hamas.

A campanha militar de retaliação israelita custou a vida a 42.924 pessoas em Gaza, a maioria das quais civis, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, que a Organização das Nações Unidas (ONU) considera fiáveis.

"A OMS reitera - nunca é demais sublinhar - que os hospitais devem estar sempre protegidos dos conflitos", salientou o diretor-geral da agência da ONU.

Qualquer ataque às instalações hospitalares "é uma violação do direito internacional humanitário", frisou, defendendo como única forma de salvar o que resta do sistema de saúde de Gaza, "que está em colapso, é um cessar-fogo imediato e incondicional".