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Explicador Madeira

Porque muda a hora e que impacto tem?

Vamos, mais uma vez, acertar os relógios. Uma regra instituída pela União Europeia em 1996, por meio da Comissão da Hora, decidindo padronizar a aplicação da hora de verão entre os seus Estados-membros.

Todos os países da União Europeia - e a maioria dos países europeus, com excepções como Islândia e Rússia - concordaram em adoptar a alteração horária. Na Região a mudança ocorre nos termos do Decreto Legislativo Regional n.º 6/96/M.

O objectivo da chamada hora de Inverno é optimizar o aproveitamento da luz natural contribuindo para uma eventual economia de energia, ao reduzir o tempo em que as luzes precisam estar acesas.

Esta medida, que já fora adoptada entre 1992 e 1996 sob o governo de Cavaco Silva, alinhou Portugal ao horário da Europa Central (CET), fazendo com que, no auge do inverno, o sol nascesse apenas pelas 9 horas.

A Comissão defendeu que, embora modesta, há uma poupança de energia associada à alteração horária e que os efeitos na saúde, como a perturbação do sono, são mínimos.

Contudo, em 2021, um grupo de especialistas subscreveu a Declaração de Barcelona sobre Políticas do Tempo, que sugere o fim da mudança de hora, sustentando que esta prática não traz benefícios significativos na economia de energia e que a sua eliminação melhoraria a saúde, a economia, a segurança e o meio ambiente, segundo revela o Planetário do Porto e a própria Deco.

Qual o impacto?

Várias pesquisas sugerem que a alteração pode influenciar a nossa saúde. Mas a evidência é limitada e são ainda necessários mais estudos. Além disso, a forma como a mudança da hora afecta cada indivíduo pode ser diferente. Algumas pessoas, especialmente aquelas com problemas de sono, com o sistema imunitário mais fraco, ou mais idosas, podem sentir mais esses efeitos. Alguns estudos clínicos associam a mudança da hora para o horário de verão a um ligeiro aumento da ocorrência de problemas cardiovasculares e cerebrovasculares (como enfarte do miocárdio, ou “ataque cardíaco”, e acidente vascular cerebral, ou AVC).

Produtividade

A alteração da hora pode dar origem a privação e distúrbios de sono, os quais podem traduzir-se em fadiga, dores de cabeça, diminuição da concentração, da motivação e do estado de alerta. Estudos sugerem que a perda de sono pode comprometer sobretudo o desempenho em tarefas simples e repetitivas. Um estudo de 2015 realizado em adolescentes revelou que os alunos ficaram mais sonolentos e desatentos nos dias que se seguiram ao avançar da hora. Já um estudo realizado em nove países destacou que o ganho de uma hora de sol ao final da tarde (conseguida com a mudança da hora) contribuiu para um aumento médio, ainda que modesto, na actividade física das crianças.

SAÚDE MENTAL

Alguns estudos sugerem que a mudança da hora pode agravar problemas existentes, como distúrbios de humor e de comportamento, o que pode ser explicado pela perturbação nos padrões de sono e nos ritmos circadianos. Um estudo de 2017 concluiu que a transição para o horário de inverno estava associada a um aumento de 11% na incidência de episódios depressivos nas dez semanas seguintes à alteração da hora.

MERCADOS

Uma outra ideia apontada para a justificação na alteração do horário é a sincronização dos horários de operação dos mercados financeiros e das actividades económicas. Por exemplo, ao ajustar os horários, há um melhor alinhamento entre as bolsas de valores europeias e os mercados de Nova Iorque ou de outros centros financeiros internacionais. A alteração começou a ser vista com outras potencialidades, com impacto nos negócios, turismo e produtividade. Exemplo disso são as áreas do turismo e retalho, que beneficiam de mais horas de luz natural, que incentiva o consumo e o fluxo turístico.e