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Treze carros e cinco motas incendiados em distúrbios na última noite na zona de Lisboa

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Foto Miguel A. Lopes/Lusa

Treze veículos ligeiros e cinco motociclos foram incendiados durante a noite na zona de Lisboa e três edifícios sofreram danos, em desacatos após a morte de um homem por um polícia na Amadora, anunciou hoje a PSP.

"O grosso dos incidentes" concentraram-se numa só ocorrência na freguesia de Benfica, em Lisboa, indicou hoje a PSP num novo balanço, referindo que na última noite foram ainda incendiados sete contentores de lixo e um sofá deixado na via pública, além de ter sido bloqueada uma artéria com mobiliário urbano.

A polícia deteve um suspeito e identificou outro numa situação de flagrante delito por crime de incêndio no centro de Lisboa.

Numa conferência de imprensa, a PSP de Lisboa "repudiou de todo" os atos de vandalismo que têm ocorrido na zona de Lisboa, "do ponto de vista da desordem pública e também da destruição do património público e privado de forma completamente irresponsável".

Nesse sentido, o superintendente Luis Elias, comandante metropolitano da PSP, apelou à população em geral para reportar de imediato, através do 112, caso detete "alguns movimentos de indivíduos suspeitos em determinadas áreas", para que "a polícia faça deslocar meios de forma rápida para esses locais, no sentido de proceder à identificação ou captura dos suspeitos".

"É muito importante esta colaboração do público. Temos vários meios no local, por toda a Área Metropolitana de Lisboa, na cidade de Lisboa e nos concelhos limítrofes, e qualquer informação, qualquer verificação, de situações suspeitas é muito importante que o relatem de imediato para a PSP", disse.

Segundo a polícia, as ocorrências de incêndio em mobiliário urbano e em veículos ligeiros e motociclos, na Área Metropolitana de Lisboa, ocorreram nos concelhos do Barreiro, Cascais, Lisboa, Loures e Vila Franca de Xira, "sendo que o grosso dos incidentes se concentrou numa só ocorrência na freguesia de Benfica", em Lisboa.

Segundo a PSP, estas ocorrências foram registadas nas ultimas 24 horas, depois do balanço feito na noite de sexta-feira, relativo a incidentes verificados desde o início dos distúrbios e até sexta-feira.

Nesse balanço, a PSP indicou 123 ocorrências, a detenção de 21 cidadãos e a identificação de 19 entre segunda e sexta-feira.

A PSP indicou ainda que nesse período foram feridas sete pessoas, entre elas dois polícias que foram apedrejados e cinco cidadãos esfaqueados ou queimados, nomeadamente um motorista da Carris Metropolitana, que, segundo a empresa de transportes, ficou em estado grave, embora já fora de perigo de vida.

Tinham sido detidos 21 suspeitos e identificadas 19 pessoas.

A PSP destacou que foram danificadas cinco viaturas policiais (baleadas, incendiadas e apedrejadas), incendiados 16 veículos ligeiros e dois motociclos, além dos danos causados em cinco autocarros, dos quais quatro foram incendiados e um apedrejado.

Foi também verificado um "atentado" contra uma esquadra da PSP, através do arremesso de engenhos pirotécnicos.

"A PSP repudia e não tolerará os atos de desordem e de destruição praticados por grupos criminosos, apostados em afrontar a autoridade do Estado e em perturbar a segurança da comunidade, grupos esses que integram uma minoria e que não representam a restante população portuguesa, que apenas deseja e quer viver em paz e tranquilidade", sublinhou a polícia.

Odair Moniz, cidadão cabo-verdiano de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.

Segundo a PSP, o homem pôs-se "em fuga" de carro depois de ver uma viatura policial e "entrou em despiste" na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, "terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca".

A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação "séria e isenta" para apurar "todas as responsabilidades", considerando que está em causa "uma cultura de impunidade" nas polícias.

A Inspeção-Geral da Administração Interna e a PSP abriram inquéritos e o agente que baleou o homem foi constituído arguido.