Kiev conta com apoio dos EUA, seja qual for o presidente
O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano confia no apoio dos Estados Unidos da América (EUA), independentemente do resultado das eleições presidenciais norte-americanas de novembro, salientando que a paz na Ucrânia é do interesse de todos os países.
Em entrevista à agência Lusa em Luanda, e quando questionado sobre o que poderá mudar para a Ucrânia consoante os norte-americanos escolham Donald Trump (republicano) ou Kamala Harris (democrata) para suceder a Joe Biden, Andrii Sybiha afirmou estar confiante de que o apoio dos EUA vai manter-se, independentemente de quem seja o próximo inquilino da Casa Branca.
"Quando o Presidente Zelensky visitou os EUA recentemente, encontrou-se com ambos os candidatos à presidência, a quem apresentou o seu plano de vitória. Teve uma reunião muito produtiva com ambos os candidatos e reuniões importantes com os representantes de ambos os partidos, republicanos e democratas. Isso é crucial", salientou o responsável ucraniano, frisando que "alcançar uma paz duradoura para a Ucrânia é também um interesse estratégico" para os EUA e o mundo democrático.
"Nós estamos a proteger os nossos valores comuns, estamos a proteger a democracia. A guerra na Ucrânia não é apenas sobre a Ucrânia. É sobre a restauração da ordem mundial baseada no direito internacional e nos princípios da Carta da ONU", reforçou.
Andrii Sybiha, que incluiu Angola no seu périplo por África e pelo Médio Oriente (sendo esta também a primeira visita de um chefe da diplomacia ucraniana ao país), procurando consolidar os apoios à Ucrânia, assinalou que o país lusófono assume a União Africana no próximo ano e que para a Ucrânia é importante "entender a visão" do bloco sobre o conflito e como pode cooperar com a União Africana, sob a presidência angolana.
O governante realçou que "a propaganda da Rússia" no continente africano "é muito forte" e não pode ser subestimada.
"Eles usam de forma abusiva a reputação positiva da União Soviética, por isso claro que precisamos de mais apoio dos países africanos para nos aproximarmos da paz", prosseguiu o chefe da diplomacia ucraniana, acrescentando que as consequências das agressões da Rússia se fazem sentir também em África.
Sobre a futura deslocação do Presidente norte-americano, Joe Biden, a Angola, agendada para dezembro e já depois das eleições presidenciais norte-americanas de 05 de novembro, considerou que é o reconhecimento da transformação e da reforma do país e "um sinal do futuro de projetos muito importantes que vão ser desenvolvidos", tal como o Corredor do Lobito.
O Presidente dos EUA tinha inicialmente previsto a viagem a Angola para o início de outubro, mas foi obrigado a cancelar devido aos furacões que assolaram algumas zonas do território norte-americano.
Biden tinha prometido visitar África em 2023, onde os gigantes China, Rússia e Estados Unidos disputam a sua influência, mas tal não aconteceu, sendo esta sua primeira visita ao continente desde que chegou ao poder, há quase quatro anos.
Washington tem por objetivo reforçar parcerias económicas e assinalar o avanço da primeira rede ferroviária transcontinental de acesso livre em África, o Corredor do Lobito.
Outros temas em cima da mesa serão o reforço da democracia e do envolvimento cívico, a intensificação da ação em matéria de segurança climática e de transição para as energias limpas e o reforço da paz e da segurança.
Biden será o primeiro Presidente norte-americano a visitar a África subsariana desde que o então chefe de Estado norte-americano Barack Obama se deslocou ao Quénia e à Etiópia, em 2015.