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Sobre festivais e o PianoFest

Numa listagem necessariamente incompleta, a Wikipédia regista só na Europa cerca de 130 festivais de música clássica. E isso são só os maiores. Muitos festivais de outros géneros de música já se tornaram nos marcadores de certas alturas de ano e simbolicamente sinalizam os inícios e fins das estações e outras efemérides no calendário. A maioria daqueles que atraem dezenas de milhares de espetadores acontece ao ar livre e por isso é mais comum encontrá-los no verão.

A proliferação dos festivais, durante as últimas décadas, não obstante a travagem brusca nos anos de Covid, foi alimentada por dois fatores: a subida nos rendimentos disponíveis reais e o crescimento do tempo e do dinheiro dedicados ao lazer. Estes fatores encaixam perfeitamente com a oferta de festivais numa combinação quase perfeita de cultura e férias.

Os festivais em geral servem não só de plataformas para expressão artística e entretenimento, mas assumem também um papel importante na sociedade enquanto uma forma de apoio social. Oferecendo oportunidades únicas para a construção de comunidades, intercâmbios culturais e desenvolvimento económico e turístico, os festivais são muitas vezes representativos da cultura local, atraindo públicos de todas as faixas sociais e promovendo o sentido de unidade e pertença.

O aspeto comunal pode ter um impacto profundo, promovendo o bem-estar, inclusividade e entendimento, e demonstrando a vivência e vitalidade cultural da sociedade. Também pode ter efeito terapêutico, proporcionando a possibilidade da “fuga” das preocupações diárias, reduzindo o stress e contribuindo para a felicidade geral e saúde mental.

Para a semana tem o seu início a nona edição dum festival que pretende responder positivamente a todas as indicações acima identificadas. O Madeira PianoFest traz, como sempre, cinco concertos cuja qualidade e variedade atraem cada vez mais um público regular, tanto regional como do exterior. Esta iniciativa conjuga o apoio de várias instituições promotoras da cultura na Região: a Direção Regional da Cultura, da Secretaria Regional de Turismo e Cultura, a Câmara Municipal do Funchal, com o seu espaço emblemático que é o Teatro Municipal Baltazar Dias, o Conservatório – Escola das Artes da Madeira. Conta também com o apoio das empresas cuja atividade é inseparável da vida social da Região, como é o caso da Empresa Diário de Notícias, e das empresas ligadas ao setor do turismo, com alta sensibilidade para a vertente cultural duma oferta holística para os que nos visitam, como é o caso do Grupo Porto Bay.

A partir do dia 2 e até ao dia 10 de novembro, desfilarão no palco do Teatro sete pianistas de craveira internacional, interpretando obras de compositores que fazem parte da herança cultural dos países da Europa ocidental – desde Bach, Mozart, Beethoven e Schubert, a Chopin, Liszt, Grieg e Ravel. No entanto, dois dos cinco concertos trazem também as obras dum compositor que construiu uma ponte interessantíssima entre a expressão genuína da América do Sul e o tratamento harmónico que combina a linguagem de jazz norte-americano com o requinte da tradição europeia – trata-se, claro, de Astor Piazzolla e do novo tango argentino.

O italiano Lorenzo Di Bella, o escocês Murray McLachlan, os portugueses António Luís Silva e Tiago Nunes, os italianos Marco Sollini e Salvatore Barbatano e, finalmente, o alemão Andreas Frölich – todos eles estarão na Madeira para promover os altos objetivos referidos, os quais este festival se propõe a concretizar. O PianoFest, uma iniciativa da Associação Amigos do Conservatório de Música da Madeira, já tem o seu espaço permanente nos roteiros culturais turísticos e continua a contribuir para a qualidade da oferta do destino Madeira.