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Conservatório enriquece colecção de música madeirense

Instituição lançou três novos volumes da Antologia e prepara já mais dois

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O Conservatório – Escola das Artes da Madeira lançou hoje mais três números da Antologia da Música na Madeira, uma colecção iniciada há uma década e meia que vai já nos 12 volumes e que deverá ultrapassar os 15, quando estiver concluída. Ao todo mais de 1.500 páginas de música de autores do século XVIII ao XX, madeirenses ou associados à Madeira, foram já recuperadas e disponibilizadas ao público em geral. Os próximos cadernos serão dedicados à música litúrgica e à música sinfónica.

O 10.º volume, ‘Música para Machete 1’ promoveu a recuperação de peças de reportório que estavam incluídos em vários manuscritos do Sec. XIX. Foram compilados em três secções: uma de hinos, canções e outras modinhas; outra de duetos e uma terceira de música operática num total de 93 obras. Existem muitas peças sem autor conhecido, outras são de autores clássicos, como Bellini e Berlioz, revelou o coordenador, Roberto Moritz. “Peças adaptadas de óperas, contradanças inseridas em óperas, adaptadas para machete”.

Além do que agora foi publicado, ainda existe reportório para mais um volume que será editado em breve, segundo o músico.

Sobre a importância da edição destes cadernos, o também professor destaca o facto de muitas destas peças não serem tocadas há mais de cem anos, sendo culturalmente uma forma de reavivar este património, promover o instrumento e a cultura madeirense.

Giancarlo Mongelli coordenou o número 12, ‘António Pereira da Costa – Concertos Grossos XI e XII’, obra particularmente importante que recupera os últimos dois de 12 concertos do antigo mestre-de-capela da Sé do Funchal. Não é certo que seja madeirense de nascença, mas foi provavelmente na ilha que compôs os doze concertos grossos. Além da importância pelo volume, diz o músico, “tem relevância nacional porque é o único exemplo deste género musical – concertos grossos – que existe em Portugal”.“Em Portugal só temos Pereira da Costa”, destacou. Álém disso, continuou Mongelli, esta é a primeira vez que as partituras são apresentadas desta forma. As partituras foram encontradas na British Library “de uma forma um pouco desorganizadas, vê-se que faltava uma revisão aprofundada”, disse. Além de que faltava uma parte, que coube ao músico e coordenador deste livro preencher. O meu trabalho foi reconstruir tudo, corrigir o que estava errado e acrescentar o que faltava”. Giançarlo Mongelli acredita que, pela desorganização e elementos em falta, nunca tenham sido executadas. É uma hipótese.

Deste autor, não há mais conhecido para publicar, embora haja notícias de que terá publicado outras obras de diferentes géneros. “Só se se encontrar outras partituras, editadas, escondidas em algumas bibliotecas ou manuscritas em algum colecionador privado”, sublinhou.

O volume 11 é ‘Música para Guitarra’, foi coordenado por Vitor Anjo, resulta de uma recolha de dois manuscritos do séc. XIX. “É importante para se saber o que se tocava na altura, como é que se tocava na altura e até como é que eles aprendiam”, explica o coordenador.

O número tem danças tradicionais e danças eruditas, passando por sonatas, sonatinas e duos, nomeadamente para guitarra e voz, guitarra e piano e guitarra e machete. O reportório é diversificado e pode ser tocado por pessoas de diferentes níveis de ensino. No conjunto há adaptações, sendo a maioria de autor incerto.

Na guitarra, a recuperação do reportório antigo fica praticamente concluída.

As próximas edições da Antologia da Música na Madeira estão a ser preparadas. Uma será dedicada à música litúrgica, com obras de Germano Gomes, uma volume  a ser coordenado pelo professor Miguel Tavares, do Instituto Politécnico de Beja. A outra vai debruçar-se sobre a música sinfónica com uma edição especial da obra ‘Rapsódia dos Cantos populares da Madeira’, de Manuel Ribeiro. Será coordenada por Francisco Loreto, sublinhou Carlos Gonçalves, presidente da direcção do Conservatório.

Além de recuperar as obras e disponibilizá-las ao público em geral, um dos objectivos é no futuro próximo iintegrar algumas destas obras nos programas pedagógicos dos vários instrumentos lecionados na instituição. “Queremos que os nossos alunos não só conheçam este reportório mas que o toquem, ajudando assim a divulgar o nosso rico património musical e a torná-lo parte integrante da sua formação artística”, assumiu o presidente.

O secretário regional de Educação, Ciência e Tecnologia, ali presente, aproveitou a ocasião para sublinhar o trabalho de investigação que vem sendo feito na instituição, “um trabalho meritório”, que reconheceu publicamente. “Ao Conservatório, a todos os que emprestaram o seu melhor para que estes três volumes pudessem efectivamente se tornar realidade, o nosso muito, muito obrigado”, agradeceu Jorge Carvalho.

Os livros ontem lançados e os restantes da coleção estão disponíveis no sítio da Internet do Conservatório.