Clube de Ecologia Barbusano percorreu Serra das Funduras, 'santuário' da Laurissilva na costa sul
O Clube de Ecologia Barbusano, da Escola Secundária de Francisco Franco, percorreu no passado dia 19, a Serra das Funduras, em Machico, o maior reduto da floresta Laurissilva na costa sul da Madeira e constatou o óbvio, a invasão das plantas exóticas.
Esta saída de campo começou com o percurso, que "teve início no miradouro da Portela, local com uma deslumbrante vista sobre o Porto da Cruz e Faial". E continua: "Daqui, seguimos pelo caminho florestal, numa extensão de 2 km, até o percurso pedonal da serra das Funduras. A clareira aberta por este caminho florestal não eliminou das suas margens a vegetação nativa, pelo que aqui abundam urzes, uveiras, loureiros, folhados e, no estrato herbáceo, os fetos e a hera terrestre. Infelizmente, as clareiras também constituem um excelente território para a proliferação de invasoras, observando-se já alguma densidade de carquejas e eucaliptos."
Depois de constatar o óbvio, salienta: "A floresta Laurissilva da serra das Funduras cobre uma área de 192 hectares, correspondendo ao maior reduto desta floresta, na vertente sul da ilha. Faz parte da rede europeia de sítios de importância comunitária – a Rede Natura 2000, tendo um papel fulcral como suporte principal de fauna e flora endémica da ilha da Madeira. O percurso pedonal da serra das Funduras é constituído por três troços que se estendem por seis quilómetros. Trata-se de uma área dominada por loureiros, folhados, faias das ilhas, urzes e tis, observando-se também azevinhos e barbusanos. No sub-bosque observamos espécies de menor porte como, hera terrestre, trepadeiras, musgos e fetos. Ao longo do caminho, apercebemo-nos da avifauna local, despertados pela vocalização dos bis-bis e dos tentilhões, que saltitam por entre os ramos das árvores. Com alguma frequência, observam-se fetos arbóreos, espécie invasora originária da Austrália, sobretudo nas áreas de menor exposição solar, em zonas de vale."
E alerta: "É muito importante garantir o equilíbrio ecológico deste local, pois é suporte de flora e fauna endémicas, assim como assegura a manutenção dos aquíferos que abastecem as nascentes do vale da Ribeira de Machico. Esta vegetação interceta os nevoeiros que por aqui passam, fazendo precipitar a humidade que carregam."
O relato termina com mais constatações: "A paragem para repousar e almoçar ocorreu na casa de apoio florestal, local onde é possível observar algumas espécies botânicas relativamente raras e onde domina a beleza e silêncio da natureza. A reta final do percurso incluiu a descida por uma estrada de terra batida, que serpenteia a Fajã dos Rolos, local dominado por floresta exótica, onde também se observam plantas nativas como loureiros, folhados, vinháticos e urzes. A esta altitude, conseguimos contemplar o grande e lindo vale da cidade de Machico que recebe, a uma velocidade galopante, na sua bacia hidrográfica, uma crescente e desordenada ocupação humana."