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Quanto custará um barril de petróleo em 2034

Neste Verão, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) reviu as suas expetativas para o consumo de petróleo a médio e longo prazo, prevendo que não haveria queda nos padrões de consumo até 2050.

Estas declarações foram algo surpreendentes pois a OPEP tinha, recentemente, mostrado alguma apreensão na capacidade de o mercado absorver nova produção petrolífera, tendo optado por diversos cortes nos seus níveis de produção.

Os cortes de produção pretendiam elevar o preço do barril de petróleo até aos $100. Esta tentativa não correu bem, com este preço a fugir desde a invasão russa à Ucrânia.

O fracasso deveu-se maioritariamente a dois pontos:

1. Forte aumento da produção norte americana, principalmente a partir de 2022.

2. Diversificação parcial do consumo nalguns dos principais mercados energéticos.

A OPEP foi agora obrigada a inverter a marcha e anunciar aumentos de produção a partir de dezembro. Este aumento levou a uma queda generalizada das expetativas de preços para 2025.

Para piorar a situação, a OPEP vê agora a Agência Internacional de Energia (IEA) descrever a sua visão para o médio prazo em que antecipa um forte decréscimo da procura petrolífera na segunda metade desta década, esperando uma situação de excedente energético, criando pressão negativa no preço deste recurso.

No entanto, mesmo que esta visão se materialize, o problema ambiental não fica resolvido. Com o nível de consumo atual é expectável que a temperatura global aumente em 2,5ºC até ao fim do século, representando um grave desvio face ao subscrito no Acordo de Paris de 2016: 1,5ºC.

Quer isto dizer que ainda teremos que encontrar soluções adicionais para o problema do aquecimento global. Adquirir soluções energéticas alternativas ou investir em medidas de eficiência operacional são algumas das soluções, mas ambas requerem fortes níveis de investimento e/ou aumentos dos custos operacionais.

A questão é como implementar medidas que limitem as emissões sem passar os custos adicionais ao consumidor final. Este aumento da produção petrolífera sem que tenha havido um aumento correspondente da procura poderá levar a menores preços do petróleo.

Esta descida de preço poderá libertar capital para as empresas investirem em energias renováveis. Por outro lado, a descida de preço também poderá ser tomada pelas empresas como uma redução do incentivo para transitar para outras soluções energéticas.

Esta parece ser a opinião da Exxon e da BP que não prevêem reduções significativas no consumo petrolífero até 2050. Caso se verifique esta visão, quaisquer objetivos ambientais ficam ainda mais distantes.

Esta indefinição tem como resultado uma parálise parcial de decisão em que privados e públicos não sabem que tecnologias são a decisão correta ao longo da próxima década.