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OE 2025- Credibilidade é preciso

Até ao momento, o governo regional não conseguiu introduzir nenhumas das promessas eleitorais e exigências no Orçamento de Estado

Em 2019, Luís Montenegro, na disputa às eleições internas do PSD, dizia que nunca iria viabilizar nenhum orçamento do PS e acusou Rui Rio de não ter tomado uma posição contra o Orçamento de Estado para 2020. O chumbo do OE era certo, mesmo antes de conhecer o documento. Montenegro não precisava de ver o orçamento para saber que o ia reprovar.

Pois. Já na sua condição de líder de um governo minoritário, exige ao principal partido da oposição que viabilize o orçamento da AD, porque agora dá jeito.

Ora, o partido socialista, fundador da Democracia, sempre assumiu as suas responsabilidades tanto no governo, como na oposição. Ao contrário de outros partidos políticos, o PS tem um grande sentido de responsabilidade, por isso tomou a decisão de viabilizar, pela abstenção, o Orçamento de Estado, porque o país não podia contar com nenhum outro partido da oposição.

Com o chumbo do orçamento, poderíamos ir novamente a eleições, passados poucos meses após o último ato eleitoral, sem que daí adviesse um governo estável, pois a direita é incapaz de construir uma solução de governo maioritário.

Contudo, o PS deve manter-se como principal partido da oposição e não como parceiro do PSD para preservar a qualidade democrática, pois a dialética política faz-se com o PS de um lado e o PSD do outro, nas palavras de Pedro Nuno Santos. Se ambos os partidos, de sensibilidades políticas opostas estivessem comprometidos com a mesma governação, haveria o risco de desgaste da nossa Democracia.

O compromisso do PS é com os portugueses e não com o PSD.

No que toca à Madeira, o documento orçamental de base contém apenas as medidas inseridas anteriormente pelo governo do PS, tais como as verbas para o novo hospital, para os cabos submarinos, as verbas da Santa Casa, os avales à dívida da Madeira, as verbas do PRR, entre outras.

Até ao momento, o governo regional não conseguiu introduzir nenhumas das promessas eleitorais e exigências no Orçamento de Estado, algo que me parece difícil, infelizmente, pela perda de capacidade negocial e falta de credibilidade, causada pelo envolvimento dos membros do governo em casos de favorecimento e corrupção, incluindo o presidente do governo, pela atitude persecutória e pouco democrática, e pelo reflexo das notícias a nível nacional.

Com esta postura do Governo Regional, quem fica a perder é a Madeira e os madeirenses.