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O colapso da democracia

Sem nos apercebermos caminhamos para o colapso da democracia com a consequente ameaça à nossa liberdade, direitos e garantias. Uma Rússia que pretende conquistar a Ucrânia para ficar às portas da Europa Ocidental, e tal como pretendia Hitler na 2.ª guerra mundial, dominar toda a Europa implantando a sua ideologia ditatorial. A China, embora sorrateira, alinha pelo mesmo diapasão e aguarda o desgaste dos outros, pela guerra, para impor a sua doutrina de regime ditador aberto ao capitalismo. A Ásia Central encabeçada pelo Irão pretende aproveitar-se do fanatismo religioso e expandir o seu regime de repressão pelo Mundo democrático. A Coreia do Norte comandada pelo ditador e supremo líder, Kim Jong-Un quer dominar a Coreia do Sul e o Japão e expandir a dinastia Kim. Temos ainda a Hungria de Viktor Orbán e Erdogan da Turquia, dois infiltrado dos países ditadores, na UE, a obstaculizar as boas práticas democráticas. Falta a cereja no topo do bolo que é juntarem os 30 países ao grupo BRICS liderado pela Rússia e China para confrontar meio Mundo contra o outro meio, ou seja, BRICS contra NATO.

Por outro lado temos uma ditadura atroz do poder económico sem regras e à solta que alimenta cartéis de droga, narcotráfico, tráfico de armas, tráfico de seres humanos, prostituição e crime organizado, que compra políticos desonestos, fomenta guerras onde lhes apetece, facilita a corrupção e financia campanhas políticas que colocam na cadeira do poder, quem o dinheiro compra. Todos os agentes do poder político/económico sabem que o colapso, mais cedo do que se pensa será uma realidade mas deixam andar, tal como fizeram com o clima. O mundo capitalista vai, irremediavelmente, acabar por chocar de frente com o poder democrático e este vai perder porque o primeiro é desregrado e o segundo cumpre regras. As regras estúpidas do comércio livre chegam ao extremo de deitar milhares de toneladas de alimentos para o lixo apenas para evitar a deflação, entenda-se, não baixar os preços de mercado. Todos eles sabem que não é o poder desmesurado concentrado nas mãos de poucos que vai melhorar a economia no Mundo e proporcionar melhores condições de vida. Está provado e descrito em teses de doutoramento de grandes economistas que o desenvolvimento sustentável está nas pequenas e médias empresas e é um erro crasso apostar todas as fichas nos grandes lobbies capitalistas. Como escreveu António José Vilela, diretor-adjunto da revista “Sábado” “aceitar as imperfeições da Democracia e acreditar no Capitalismo só tem sentido se contribuir, agora e a prazo, para o bem comum e a coesão social. A Democracia só fortifica se o Capitalismo redistribuir a riqueza. Não é uma teoria marxista, é a realidade”. Na verdade, a democracia está ofegante e precisa urgentemente que o poder político e económico se capacitem que por este caminho, ela não terá uma prática sustentável.

Temos ainda a desinformação dos media, com responsabilidade de um 4.º poder, que distorcem a informação por sensacionalismo e, para serem os primeiros a informar, não se importam de apurar a verdade. Por sua vez temos a calamidade das redes sociais ao alcance de energúmenos mal intencionados que as aproveitam para burlas e mentiras aproveitando-se de pessoas mal formadas/ informadas. A subsídio dependência retira a dignidade do sistema democrático para tornar os eleitores dependentes de um Estado patrão que condiciona a vivência democrática, tira ao povo a capacidade de raciocínio e obriga-o a estender a mão à caridade. O poder institucionalizado passou a estar nas mãos de líderes desonestos e incompetentes dos partidos que, com a sua demagogia e mentira, estão a tornar o sistema numa partidocracia de saloios que se julgam espertos. As regras da democracia estão plasmadas na constituição portuguesa e dizem que a habitação, a saúde e o ensino são direitos inalienáveis do povo. Acham que é isso que está a acontecer? Não, isto não é um estado de direito.

Os países democráticos são obrigados a cumprir regras, enquanto os não democráticos vivem à margem. O pequeno e médio comércio são obrigados a cumprir regras e pagar impostos enquanto os grandes negócios fogem aos impostos e às regras. As guerras convencionais cumprem as regras internacionais, os grupos terroristas não têm regras. Todos os que não cumprem regras convivem bem com o caos e têm vantagem sobre os cumpridores. Costumo dizer que onde há gente responsável os irresponsáveis abusam e têm a vida facilitada.

Perante tal panóplia de disfunções o leitor ainda têm dúvidas que a democracia está à beira do colapso? Não sei quando mas sei que tornar-se-á irreversível se não for travado imediatamente.