DNOTICIAS.PT
Artigos

A propósito do dia Mundial da Saúde Mental

A propósito do dia Mundial da Saúde Mental é importante refletir sobre a evolução ocorrida nas últimas décadas que permitiu às pessoas com doença mental sentirem-se menos culpadas pela sua condição, podendo assim pedir ajuda sem medos, vergonha ou complexos. Importa também salientar que o conceito de prevenção e as suas práticas trouxeram novas perspetivas e linhas de pensamento que facilitaram a procura de orientação, por muito jovens e adultos, ao nível do desenvolvimento pessoal.

A consulta de psicologia, na vertente do autoconhecimento e desenvolvimento pessoal, tornou-se uma possibilidade de cada uma querer mais para a sua vida, pensando com alguém fora da sua história de vida com formação específica e credenciada para o fazer.

A experiência de cada um associada à naturalidade com que se começou a falar sobre a consulta de psicologia, a psicoterapia e mesmo a consulta de psiquiatria, tem facilitado este movimento na procura de ajuda.

Durante muito tempo o espaço, entre os primeiros sintomas ou inquietações e a procura de ajuda era longo e surgia ou por obrigação, através de terceiras pessoas, ou no limite da dor, do desespero, ou da desregulação emocional.

Hoje, apesar de uma óbvia evolução, o estigma ainda existe e tende a atrasar a intervenção no tempo certo, para uma resposta mais eficaz. A aceitação da intervenção psicoemocional ainda se movimenta na fronteira entre a óbvia mais-valia e o desnecessário, algo que pode ser substituído por uma boa conversa de amigos ou qualquer outra atividade que distraia a mente e possibilite o retorno ao equilíbrio e bem-estar. O estigma da doença mental ainda interfere na prevenção e promoção da saúde em geral.

Há ainda muito trabalho a fazer sendo fundamental promover uma atitude saudável face ao discurso da saúde mental. Um discurso aberto e normalizador. Colocar a doença e a perturbação mental no lugar que naturalmente lhe pertence. Quando há doença, dor e sofrimento há tratamento. Se começarmos pelos profissionais de saúde, educação, líderes de equipas em meio laboral e todos os que têm responsabilidade na gestão de pessoas, tornando-os ativos e corresponsáveis, neste movimento de integração da saúde mental nas respostas comunitárias, com certeza iremos criar uma rede de influência facilitadora do acesso às respostas já existentes.

O discurso tem que continuar a atualizar-se saindo do lugar da inevitabilidade e da impossibilidade.