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Quais são as competências que o seu filho deve adquirir para aprendar a ler e a escrever

Para uma criança aprender a ler e a escrever necessita adquirir um conjunto de competências essenciais antes da alfabetização, sendo importante prepará-la para o mundo da literacia. Uma dessas competências reside no desenvolvimento da linguagem oral, onde se destacam conhecimentos a nível lexical/ semântico, morfossintático, fonológico, pragmático e metalinguístico.

O conhecimento lexical / semântico diz respeito ao conhecimento que a criança possui acerca do significado das palavras, o que influenciará na descodificação. Por isso possuir uma variedade de vocabulário facilitará a futura aprendizagem da leitura e da escrita, pois o conhecimento lexical ajuda a criança na descoberta da forma fonológica das palavras que estão escritas. O vocabulário tem efeitos significativos na extração de sentido das narrativas da literatura infantil, refletindo-se nos níveis de compreensão oral da criança.

Conhecer o significado das palavras é importante para toda a aprendizagem da leitura e da escrita, mas por si só não é o suficiente, mas a criança deve ser capaz de combinar palavras em estruturas frásicas complexas, vulgarmente conhecido como conhecimento morfossintático. Ter perceção da estrutura morfológica das palavras pode ajudar no estabelecimento dos sentidos semânticos e gramaticais dos vocábulos que não lhes é familiar. Para descobrir o significado de uma nova palavra, a criança usa, frequentemente, a morfologia, isto é, utiliza os conhecimentos da estrutura da palavra, desde a sua raiz aos seus afixos. A análise desses aspetos da estrutura da língua permite que a criança fique atenta aos radicais de palavras e identifique diferentes possibilidades combinatórias. Logo, compreender as estruturas morfossintáticas é imprescindível para que uma criança aceda ao significado durante os momentos de leitura.

Para além disso, a criança deve possuir conhecimento fonológico, visto ser considerado preditor para a futura aprendizagem da leitura e da escrita. Das competências metalinguísticas, a consciência fonológica é a mais defendida e estudada no campo da investigação. Quando uma criança não é capaz de identificar os sons da fala, acabará por reproduzir imprecisões em termos da leitura, o mesmo se verifica relativamente à escrita, daí o aparecimento de erros ortográficos aquando do ensino formal. Muitas das dificuldades de aprendizagem específicas devem-se a lacunas em termos fonológicos, sendo premente treinar a criança com tarefas que desenvolvam esta competência metalinguística.

Adquirir conhecimentos pragmáticos é outro pré-requisito para a caminhada da leitura e da escrita. Quando se fala em pragmática associamos à adequação e à utilização contextualizada da linguagem entre os intervenientes na comunicação oral, envolvendo o uso da linguagem e a sua interpretação face ao contexto e à intencionalidade comunicativa. Sem dúvida, que o conhecimento pragmático é imprescindível para a compreensão das histórias, o que vai facilitar a extração de significado com dupla significação.

Quando há imprecisões na oralidade marcadas por trocas, omissões e substituições de fonemas, essas trocas refletir-se-ão na sua escrita, por isso o domínio da linguagem oral é preponderante para aprender a ler e a escrever.

Não menos importante é o conhecimento metalinguístico, este assume também um papel de destaque antes da aprendizagem da leitura e da escrita, isto porque a criança deverá ser capaz de identificar e de manipular os constituintes linguísticos, refletindo acerca dos mesmos, para que possa se tornar um leitor e um escritor proficiente.

Outra competência centraliza-se na aquisição de conhecimentos sobre a leitura e a escrita, também conhecida como literacia emergente, onde o conhecimento das letras, que compõe o código alfabético assume especial destaque. A identificação das letras articulada com a estimulação com tarefas/ jogos de consciência fonológica é um forte preditor para a futura aprendizagem da leitura e da escrita no início da alfabetização. Para aprender a ler e a escrever é fundamental que haja uma estimulação o mais precocemente possível antes do 1.º ciclo do Ensino Básico. Assim, quanto maior for essa estimulação para os conhecimentos linguísticos e para as noções de leitura e de escrita mais facilmente a criança aprenderá a ler e a escrever, fazendo a conversão fonema- grafema com outra destreza e perspicácia.

Para além disso considero que ter motivação é igualmente de suma e de elevada importância e trata-se de uma atividade emocional bastante considerável. Uma criança motivada possui comportamentos e atitudes mais ativas e revela maior empenho em todo o processo de aprendizagem, aprendendo e adquirindo melhor os conceitos.

Para estimular para a aprendizagem da leitura e da escrita sugiro que sejam estipuladas horas de conto de histórias infantis, sejam efetuadas leituras antes de dormir para que possa ser desenvolvido o interesse pelo livro e pela leitura, o interesse por descobrir novo vocabulário e seu significado. Aconselho vivamente que sejam lidas histórias infantis para que a criança contacte com estruturas sintáticas mais complexas e possa efetuar brincadeiras, desenvolvendo o seu pensamento crítico.

Em suma, se a criança contactar com uma panóplia de estruturas linguísticas, antes de aprender a ler e a escrever, a sua aprendizagem tornar-se-á menos custosa, mais rápida e acima de tudo mais prazerosa. Consequentemente mais facilmente ocorrerá uma melhor transição da Educação Pré-Escolar para o 1.º ciclo do Ensino Básico.