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Incêndios Madeira

PS diz que foi o Governo Regional que "não quis reforço de meios aéreos mais cedo”

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Na sequência da discussão sobre a gestão dos meios de combate aos incêndios de Agosto na Madeira, na Assembleia da República, Miguel Iglésias considerou que a audição ao presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil, o brigadeiro general Duarte Costa, foi "absolutamente esclarecedora” e imputou culpas ao Governo Regional PSD.

"“Tivemos a informação clara e factual de que não só a Autoridade Nacional de Emergência e ProteCção Civil acompanhou de forma operacional o incêndio na Região praticamente logo desde o seu início, como inclusive fizeram todo o trabalho de planeamento e preparação antecipado para projecção de reforço de meios do continente para a Madeira, incluindo meios aéreos. Ou seja, só não houve reforço de meios de combate ao incêndio mais cedo, principalmente os meios aéreos, por decisão política do Governo Regional", acusou o deputado eleito pelo PS-Madeira ao Parlamento nacional.

"Tivemos um incêndio a lavrar durante 13 dias, queimando mais de 5 mil hectares, pessoas desalojadas, produções agrícolas, pecuárias e florestais destruídas, porque o Governo Regional e o Serviço Regional de Proteção Civil decidiram não pedir ajuda mais cedo. É absolutamente inacreditável”, evidenciou o parlamentar socialista.

O PS-Madeira considera "inexplicável como não foram enviados para a Madeira todos os meios que fossem necessários para atacar eficazmente as frentes de incêndio, inclusive meios aéreos, em particular em zonas inacessíveis por meios terrestres". E, salienta o deputado, "mais inexplicáveis ainda foram as declarações públicas dadas pelo secretário regional da Protecção Civil e pelo presidente do Serviço Regional de Protecção Civil".

“Estes dois responsáveis andaram dias a jurar a todos os madeirenses que não era possível a vinda de meios aéreos para a Madeira, ou porque não podiam ser disponibilizados pelo Governo da República, ou porque não poderiam operar na Região. O que percebemos de forma bastante clara da audição ao brigadeiro general Duarte Costa, é que tudo o que foi dito foi mentira, porque a Autoridade Nacional tinha o planeamento e avaliação feita, para que, assim que fossem requeridos pelo Governo Regional, os meios pudessem ser projetados para reforço à Região", expõe Iglésias.

“Como é que há uma avaliação diferente sobre o risco e a situação dos incêndios, que leve a interpretações tão diferentes da Autoridade Nacional e do Serviço Regional sobre a necessidade de reforço de meios?”, questiona o deputado socialista eleito pela Madeira.

O PS recorda que, "de acordo com o presidente da Autoridade Nacional, a capacidade operacional da proteção civil nacional estava pronta, sendo que entre o primeiro pedido de ajuda formal do Governo Regional e a projecção de forças decorreram apenas 11 horas. Igualmente, o brigadeiro general Duarte Costa informou os grupos parlamentares da Assembleia da República que a avaliação relativamente ao reforço de meios aéreos foi feita praticamente desde o início do incêndio, seja de helicópteros como de aviões de descarga, e que, quando o pedido do Governo Regional finalmente chegou, a Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil agiu de imediato, com o acionamento por parte do Governo da República do Mecanismo Europeu de Protecção Civil, face à avaliação já previamente efetuada sobre a capacidade e necessidade de intervenção dos meios aéreos". 

“Julgo que hoje ficámos a saber informação muito importante, em particular sobre as decisões tomadas pelo Governo Regional, que considero negligentes e gravíssimas", reforçou o deputado madeirense, referindo ainda que o partido solicitou e irá analisar o relatório que a Autoridade Nacional de Protecção Civil entregou ao Ministério da Administração Interna sobre os incêndios da Madeira.

As audições parlamentares irão continuar na Assembleia da República, com a convocatória à ministra da Administração Interna, bem como diversas entidades técnicas, como a Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais, a Liga dos Bombeiros de Portugal e o Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais.

Autoridade Nacional de Protecção Civil considera que um meio aéreo é insuficiente

O presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) considerou hoje que um helicóptero é insuficiente e que o incêndio que atingiu a Madeira em agosto poderia ter sido resolvido mais cedo se a região tivesse mais meios aéreos