SIGA, quase!
Na segunda-feira, 1 de Julho de 2024, a região passou a ter um novo serviço de transporte público rodoviário: a SIGA, marca única sob a qual opera a nova rede de autocarros. Arrancou com quase ou mais de 2 anos de atraso, embora já se falasse em 2019 dos 34 milhões que a rede custaria aos cofres do estado e aos operadores e - “Vamos introduzir um bilhete único na Região Autónoma, fazer a integração total das redes, a renovação da frota com viaturas elétricas, apostar em tecnologia, renovar paragens, gares e zonas de transbordo. Vai ser possível aceder a informação através de uma app e até comprar e carregar bilhetes via telemóvel“, acrescentava Rui Barreto. – apenas 2 (3, se contarmos com os 3/4 espaços novos na Ribeira Brava) destes pontos apontados pelo antigo director da economia, foram feitos.
Não arrancou sobre rodas a SIGA, a nova rede de transportes da região que está a operar em 10 concelhos. São inúmeros os relatos negativos dos utentes sobre os problemas sentidos em vários pontos da rede. Atrasos, autocarros que não passam, sobrelotação (passageiros de pé, não permitido por lei), falta de autocarros e desinformação, motivaram várias reclamações tanto no portal da rede (que ainda NÃO funciona), como nas redes sociais e algumas no portal da queixa.
Em quase 6 meses de operação da SIGA, ainda há muito por fazer. É necessária a criação de novas linhas para que o transporte público possa chegar a mais pessoas. (Sabemos que ainda faltam chegar muitos autocarros, mas é preciso planear antes para executar depois, o que não foi feito aquando o anúncio da rede SIGA!) Faltam: a renovação das paragens e alteração das respectivas placas com o nome e linhas dos operadores, carregamento dos títulos de transporte via MB ou MBway, plataforma contactless, a app da SIGA que ainda está “brevemente”, criação de novos postos de carregamento dos títulos de transporte de forma a evitar as longas filas, a numeração dos autocarros, a criação de um terminal rodoviário único e instalações de qualidade para os operadores - o operador sito à ribeira de João Gomes, tem umas instalações (nomeadamente a lavagem) de 3º mundo. Em pleno séc. XXI, lavam-se autocarros à vassoura e mangueira!
Mais recentemente temos assistido à ‘reutilização’ por parte dos operadores de autocarros que, e alguns nos seus 25 anos, fazem transporte escolar, que é proibido por lei (a partir dos 16 anos - a contar da data da 1ª matrícula).
Numa época em que se fala tanto de ambiente, energias sustentáveis/renováveis, é URGENTE avançar com autocarros eléctricos, a gás natural, (ou com pilha de hidrogénio – Cascais), seja em Porto Santo como aqui, seja na SIGA como nos HF, como é visto já por quase todo o país, com mais incidência em Lisboa – Carris e Porto - STCP.
Tivemos a oportunidade de começar do ZERO na era do transporte público, mas afinal apenas demos continuidade ao que já tínhamos. Ao slogan: “Já cá andamos há muito tempo... e vamos continuar a andar.” - talvez não era bem isto que estávamos à espera…
Para finalizar, quero parabenizar, quem de direito pela escolha do nome da rede. Em relação ao nome dos operadores, faço escusa de comentário.
Posto isto, apraz-me dizer SIGA, quase!
António Freitas