Papa pede para "não se fechar as portas" a migrantes
O Papa pediu hoje para "não se fechar as portas" aos migrantes, num contexto de disputa entre o Governo e a Justiça de Itália sobre o pacto de externalização migratória do país com a Albânia.
"Não podemos fechar as portas aos imigrantes. O migrante deve ser acolhido, acompanhado, encorajado e integrado", declara Francisco numa breve mensagem em vídeo para a conferência nacional do movimento Acção Católica italiano, segundo o portal oficial de notícias do Vaticano, Vatican News.
"Alimentá-los é o mandato de Jesus que nos envolve a todos, dar-lhes a mão para os acompanhar" e "para que não caiam", acrescentou Francisco, que no seu pontificado tem reiterado a defesa do acolhimento e da integração dos migrantes.
Segundo o Papa, "no Antigo Testamento são mencionados continuamente três tipos de pessoas necessitadas: a viúva, o doente e o migrante".
As declarações de Francisco ocorrem numa altura de choque entre o Governo e a Justiça italianos, após uma decisão de um tribunal de Roma contrariar uma decisão do executivo da primeira-ministra Giorgia Meloni.
O tribunal invalidou o internamento de 12 migrantes em centros criados pela Itália na Albânia, no âmbito de um acordo de externalização migratória, e ordenou o seu regresso ao país.
Os migrantes transferidos por Roma são do Bangladesh e do Egipto, países que o tribunal considerou não poderem ser considerados seguros.
Sendo a televisão pública italiana RAI, os migrantes foram retirados hoje de manhã do centro de retenção albanês de Gjadër e levados para Itália para serem transportados para um centro de requerentes de asilo na zona da cidade de Bari.
O governo italiano já anunciou que recorrerá da decisão judicial e que continuará com o plano de transferir migrantes para a Albânia.
Anunciou ainda que quer aprovar, na segunda-feira, um decreto-lei a entrar em vigor no dia seguinte, para contornar as implicações da decisão judicial.
A agência italiana de notícias Ansa informou que o decreto-lei deverá alterar a norma que designa o grau de segurança dos países de origem dos migrantes que chegam a Itália, para garantir que tal não represente um obstáculo à sua transferência ao abrigo do acordo com Tirana.