Madeira quer investigar mar profundo com tecnologia de baixo custo
A Madeira vai coordenar um projeto europeu de investigação do mar profundo com recurso a tecnologias de baixo custo, explicou hoje o coordenador, João Clode.
O projeto, designado 'Twilighted', integra o programa Horizonte Europa, de promoção da investigação científica na União Europeia, e é coordenado pela unidade da Madeira do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente - MARE, integrado na Agência Regional para o Desenvolvimento da Investigação, Tecnologia e Inovação (ARDITI).
O MARE escolheu "duas instituições de alto nível europeu", a GEOMAR (Alemanha) e a NTNU (Noruega), com mais experiência na área do mar profundo, e com as quais a região vai adquirir capacidades naquela área de investigação.
"O nosso objetivo nos próximos três anos é capacitarmo-nos, aprendermos com estas duas equipas da Alemanha e da Noruega [...], e nós queremos ao fim destes três anos ter experiência para irmos buscar mais financiamentos e estarmos já preparados para fazer investigação nesta área", afirmou João Clode, em declarações à agência lusa.
"A Madeira já é um grande navio de oceanografia e de investigação em mar profundo no meio do Atlântico. Nós temos o mar profundo mesmo aqui ao lado, temos um acesso privilegiado ao mar profundo e nós queremos muito, com este projeto, democratizar a investigação em mar profundo", sublinhou.
João Clode acrescentou que a investigação nesta área é cara, sendo por isso esporádica na Madeira, pelo que o 'Twilighted' pretende inovar e desenvolver "tecnologias 'low cost' para mapear e explorar as águas profundas em torno" da região.
"Fala-se muito em conservação da natureza, áreas marinhas protegidas, e nós não podemos proteger aquilo que não conhecemos", reforçou o investigador.
A investigação em mar profundo permitirá saber se os 'habitats' estão a ser afetados por "pressões humanas, lixo marinho, espécies invasoras, alterações climáticas", podendo igualmente vir a descobrir espécies novas para a ciência, exemplificou João Clode.
O projeto conta com um financiamento total de 1,5 milhões de euros, investimento que será alocado a recursos humanos especializados, formação, realização de 'workshops', organização de uma conferência internacional, intercâmbio entre equipas e participação em expedições científicas.