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Um em cada cinco portugueses em risco de pobreza ou exclusão social

Relatório da Rede Europeia Anti-Pobreza mostra que os números da pobreza têm vindo a aumentar em Portugal

Foto Arquivo/Aspress
Foto Arquivo/Aspress

Na véspera do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, que se assinala amanhã, a Rede Europeia Anti-Pobreza (sigla em inglês, EAPN) em Portugal "reforça o apelo para um novo paradigma social que invista no bem-estar de todas as pessoas, na igualdade de acesso de todos a bens e serviços, na equidade e justiça social. É necessária uma intervenção próxima das pessoas, de cada pessoa, de cada família, conhecendo as suas especificidades, os seus problemas e apostando nas suas capacidades humanas".

Este apelo vem na sequência das conclusões do relatório que acompanha este dia, assinalado amanhã e sexta-feira, com o lançamento de uma campanha de sensibilização, um relatório sobre estes dados e uma publicação sobre a crise da habitação no seu XVI Fórum Nacional, destacando-se o facto de "os números da pobreza têm vindo a aumentar", pelo que "são já 1 em 5 pessoas no país em risco de pobreza ou exclusão social", realça.

A EAPN Portugal "advoga a construção de uma sociedade inclusiva que coloca as pessoas no centro da tomada de decisões. Precisamos de políticas sólidas que atuem na prevenção das situações de pobreza, eliminem as suas causas estruturais e que promovam o bem-comum", refere em nota de imprensa. "Todos os dias confrontamo-nos com situações de pobreza que resultam da desigualdade enraizada na nossa sociedade, da injustiça, da intolerância e do estigma. Apesar dessa 'visibilidade', nunca as situações de pobreza estiveram tão invisíveis como atualmente. São definidas estratégias, definidas políticas e medidas, mas os números da pobreza pouco variam e multiplicam-se as vulnerabilidades. As pessoas sentem-se esquecidas e diminuídas nas suas dificuldades", lamenta.

E acrescenta um forte apelo: "É imperioso que as medidas de politica nacionais sejam acompanhadas e traduzidas numa intervenção de capacitação próxima das pessoas, apostando e reforçando as suas capacidades humanas de iniciativa e de autonomia, na superação dos seus próprios problemas. No entanto, é necessário entrelaçarmos olhares e saberes e intervirmos de forma integrada, indo para além das margens e fronteiras de atuação de cada um, sempre considerando e integrando a voz, a experiência e os contributos de quem vive em situação de pobreza."

No artigo, há mesmo um sentido apelo para "que saibamos todos confirmar o quanto se pode dialogar, convergir e agir em conjunto com a mesma preocupação e os mesmos propósitos na diversidade de perspetivas e abordagens (políticas, académicas, sociais, culturais, …). Que saibamos ao mesmo tempo reconhecer que as dimensões da vida de cada pessoa estão interligadas – a habitação, o emprego, a saúde, a educação, a prestação de cuidados a familiares, a cultura, entre outros. Então, também as políticas têm de ter esta transversalidade. Não podem ser pensadas e operacionalizadas de forma sectorial", reforça.

E conclui que "o combate à pobreza e à exclusão social deve ser entendido como um combate coletivo, um desafio de cidadania e exige intervenções territorializadas que promovam a coesão social e territorial. O local tem especificidades e conhecimentos que devem ser valorizados na definição de estratégias e medidas de combate à pobreza", sendo assim "urgente repensar novos modelos de combater de forma sustentável a pobreza. A pobreza tem múltiplas causas e estas são estruturais: desemprego e precariedade laboral, baixos salários, desadequada proteção social e mínimos de proteção insuficientes, desigualdade intergeracional e fraca mobilidade social, desigualdade no acesso aos serviços, discriminação, desigualdade social e de oportunidades. Não podemos continuar a atuar como se não fosse possível intervir sobre estas causas. Por isso, a EAPN Portugal aguarda com expectativa a criação da Estratégia Europeia de Combate à Pobreza, bem como a concretização plena da Estratégia Nacional".