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Falta de imaginação

Tenho passado o último mês principalmente em percursos a pé pela Madeira. Tenho visto coisas de que gostei – as paisagens naturais continuam a ser magníficas – mas também tenho visto coisas de que não gostei, e que me parecem muito decorrer de incapacidade e falta de coragem e incapacidade em termos de gestão.

Há claramente gente a mais por todo o lado. Isto é verdade para todo o destino, mas é-o ainda mais para algumas das levadas e veredas da ilha, dentre as quais destacaria certamente as que se encontram em torno do Rabaçal, das Queimadas e da Ponta de São Lourenço.

Isto nota-se, desde logo, no estacionamento desordenado em todos os acessos e redondezas. Não estou a defender que se tenham de criar estacionamentos em todos os locais da ilha, até porque estes teriam certamente um impacto negativo na paisagem, como têm no Arieiro (a questão não foi pensada até ao fim…), mas que é preciso disciplinar o estacionamento, sem dúvida.

Da mesma forma que é preciso encontrar melhores soluções no Funchal, em Machico, em Câmara de Lobos e no Porto Moniz, e articular estas soluções com uma presença e intervenção – não digo constante, mas certamente frequente – da PSP.

É preciso acabar com a imagem e a realidade de impunidade de alguns turistas, que conduzem e estacionam de forma verdadeiramente delinquente. Desde o passar sistemático de linha contínuas, do estacionar sobre passadeiras e passeios, em acessos e rotundas, em paragens de autocarro, entrar em sentidos proibidos, etc, parece o faroeste, e a polícia só parece ter olhos para os locais. Defendo uma utilização profícua de grampos, e a cobrança coerciva e prévia, de todas as multas e taxas… e a descarga de pontos das cartas de condução.

Nos percursos a pé, há que limitar a carga – claramente excessiva, e basta ver algumas fotografias -, impondo um esquema de reservas prévio, e acima de tudo, uma presença mais assídua de agentes da autoridade, quer nos pontos de acesso quer nos percursos propriamente ditos, o que acabará por limitar os abusos, mas também que estes entes que nos visitam corram menos riscos estúpidos por mais uma selfie.

Mais uma vez, falta a definição e divulgação das regras mais básicas, como seja, ficar no percurso, do lado de dentro das vedações, não deixe lixo, siga as regras, respeite os outros… civilidade, basicamente. Nalguns casos em que o abuso é sistemático (por exemplo, na saída das 25 Fontes), a introdução de um portão de sentido único resolveria a maior parte das transgressões. Quem não está em condições de fazer aquela pequena subida, talvez não se deva arriscar tão longe dos meios de socorro…

Como de costume, penso que os decisores passam demasiado tempo nos gabinetes e pouco tempo no terreno… o que quer dizer que não fazem ideia da parte operacional, e decidem no ar – e logo, decidem invariavelmente mal.