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Defesa de Salgado diz que se abriu "uma página negra" na justiça

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FOTO ANDRE KOSTERS/EPA

A defesa de Ricardo Salgado considerou hoje que se abriu "uma página negra" na justiça portuguesa após o tribunal ter rejeitado um pedido de dispensa do ex-banqueiro do julgamento devido ao diagnóstico de Alzheimer.

"Abriu-se uma página negra na justiça portuguesa diante de todo o mundo, porque isto não é só um caso que interessa a Portugal", afirmou o advogado Francisco Proença de Carvalho à saída do tribunal, no Campus de Justiça, em Lisboa.

Aos jornalistas, o advogado lembrou que o relatório médico é "perfeitamente claro relativamente à dependência quase total de Ricardo Salgado para as tarefas mais básicas", nomeadamente a higiene.

"Sabemos como este tipo de casos, com este tipo de pessoas com estas doenças são tratadas no mundo civilizado e ficámos a saber como são tratadas no mundo incivilizado, em que eu achava que Portugal não estava", lamentou.

A defesa pedira a dispensa de Ricardo Salgado no julgamento devido ao diagnóstico de doença de Alzheimer, mas o tribunal recusou na semana passada o pedido nos moldes em que foi apresentado, pelo que Ricardo Salgado teve mesmo de comparecer em tribunal.

Hoje, Proença de Carvalho reforçou que a presença do ex-banqueiro no tribunal, segundo o relatório, "seria irrelevante, porque não tem capacidade" cognitiva.

O advogado pediu hoje no início do julgamento do processo BES/GES para que o tribunal faça já a sua identificação formal, dispensando-o de seguida de ficar presente na sessão e de comparecer nas seguintes.

"Gostaria de requerer que procedesse à identificação e que a seguir o dispensasse de ficar na audiência e de comparecer nas seguintes", afirmou o advogado Francisco Proença de Carvalho.

O antigo presidente do BES, que veio acompanhado pela mulher Maria João Salgado devido ao seu diagnóstico da doença de Alzheimer, é um dos arguidos presentes na sala de audiência, que se encontra praticamente completa com advogados, arguidos, comunicação social e público.

A presidente do coletivo de juízes, Helena Susano, perante a falta de oposição de Ministério Público e assistentes, autorizou o ex-banqueiro a deixar a sala de audiência pelas 10:25.

Entretanto, vários advogados pediram também que os seus clientes fossem julgados na sua ausência.