China lança exercícios de larga escala em torno de Taiwan como aviso contra independência
A China iniciou hoje exercícios militares em grande escala em torno de Taiwan e das suas ilhas periféricas, num "aviso" contra a independência do território, dias após Taipé ter reiterado a sua soberania.
O ministério da Defesa chinês afirmou que os exercícios são uma resposta às afirmações do líder de Taiwan, William Lai, que reiterou, recentemente, que a República Popular da China "não tem o direito de representar Taiwan".
Taipé considerou os exercícios como uma provocação e afirmou que as suas forças estão preparadas para reagir.
O porta-voz do Comando do Teatro Oriental do Exército de Libertação Popular da China, o capitão Li Xi, disse que a marinha, a força aérea do exército e o corpo de mísseis estavam todos mobilizados para os exercícios.
"É um aviso importante para aqueles que apoiam a independência de Taiwan e um sinal da nossa determinação em salvaguardar a nossa soberania", disse Li numa declaração difundida pela imprensa oficial de Pequim.
As manobras, designadas Joint Sword-2024B, envolvem forças terrestres, marítimas e aéreas, e são semelhantes às que a China realizou em maio passado, também no Estreito de Taiwan e em torno da ilha autónoma.
Li referiu que os exercícios incluem a aproximação de navios e aviões à ilha a partir de várias direções, bem como ataques executados conjuntamente por diferentes forças, com o objetivo de testar a prontidão de combate real.
Taiwan foi uma colónia japonesa antes de ser unificada com a China no final da Segunda Guerra Mundial. Os dois territórios vivem separados desde que em 1949 os nacionalistas de Chiang Kai-shek fugiram para a ilha, enquanto os comunistas de Mao Zedong assumiram o poder no continente chinês, no final da guerra civil.
Lai tomou posse em maio, dando continuidade a um governo de oito anos do Partido Democrático Progressista, que rejeita a exigência da China de reconhecer que Taiwan é uma província chinesa.
"A República da China [nome oficial de Taiwan] enraizou-se em Taiwan, Penghu, Kinmen e Matsu. A República da China e a República Popular da China não estão subordinadas uma à outra", afirmou Lai, sob aplausos, durante um discurso, proferido em frente ao palácio presidencial de Taipé, nas celebrações do Dia Nacional, na semana passada.
A China afirma regularmente que a independência de Taiwan é um "beco sem saída" e que a anexação por Pequim é uma inevitabilidade histórica.
Taiwan mobiliza barcos de patrulha em resposta
Taiwan mobilizou hoje as Forças Armadas para "defender a liberdade e a democracia" e "proteger" a sua soberania contra a China, que iniciou uma nova vaga de manobras militares em torno da ilha.
Em comunicado, o ministério da Defesa Nacional (MND) de Taiwan expressou a sua "forte condenação" das "ações provocatórias e irracionais" de Pequim, que "aumentam a tensão e prejudicam a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan".
"Perante as ameaças, as forças armadas estão em alerta máximo, com a firme vontade de preparar a guerra sem a procurar, confrontá-la sem a evitar", acrescentou.
O líder de Taiwan, William Lai, convocou uma reunião sobre segurança nacional "para discutir rapidamente a resposta adequada" às manobras, de acordo com um comunicado do Gabinete Presidencial de Taiwan.
Durante a reunião, o ministro da Defesa, Wellington Koo, apelou a todos os militares para "aumentarem a vigilância, reforçarem a supervisão e coordenarem-se estreitamente com unidades como a Guarda Costeira", atuando com uma "perspetiva alargada" para "não escalarem o conflito ou provocarem disputas".
"As ações de dissuasão cognitiva e de divisão social, combinadas com ações militares contra nós, são táticas habituais do Exército comunista. O Ministério da Defesa divulgará adequadamente a dinâmica marítima e aérea, explicando as medidas que o exército tomará, sempre sob a premissa de garantir a segurança operacional", acrescentou.
A Guarda Costeira de Taiwan enviou hoje também vários barcos de patrulha, em resposta à presença de navios chineses nas proximidades da ilha, horas depois de Pequim ter anunciado nova vaga de manobras militares em torno de Taiwan.
Em comunicado, a Guarda Costeira de Taiwan (CGA) afirmou que "as ações intimidatórias e ameaçadoras" do Exército de Libertação Popular e da Guarda Costeira Chinesa (CCG) "afetaram seriamente a paz no Estreito de Taiwan e a estabilidade regional, com a intenção de perturbar o 'status quo'".
"A Guarda Costeira está totalmente preparada e defenderá firmemente as fronteiras marítimas e a soberania nacional. As embarcações comerciais e de pesca que transitam na zona foram igualmente alertadas para estarem extremamente vigilantes", declarou a CGA, que está a acompanhar "de perto" a situação em colaboração com o ministério da Defesa de Taiwan.
A agência também disse ter detetado "movimentos anormais" de navios da Guarda Costeira chinesa desde as 11:00 horas (04:00, em Lisboa) de domingo.
"Além de várias embarcações que atravessaram a linha média do Estreito de Taiwan - fronteira não oficial que foi respeitada durante décadas - foram detetadas formações de embarcações que se mantêm em águas a norte, sudoeste e leste da nossa ilha", afirmou a CGA.
"A Guarda Costeira estabeleceu imediatamente um centro de reação e mobilizou barcos de patrulha para coordenar a vigilância em conjunto com o ministério da Defesa Nacional", acrescentou o texto oficial.
O porta-voz da Guarda Costeira chinesa, Liu Dejun, afirmou em comunicado que as formações 2901, 1305, 1303 e 2102 da CCG realizaram hoje "patrulhas de aplicação da lei" nas águas próximas de Taiwan, o que constitui "uma ação prática para gerir e controlar a ilha de acordo com o princípio de 'uma só China'".
A autoridade marítima chinesa também realizou "inspeções exaustivas" no arquipélago de Matsu, ilhas controladas por Taiwan situadas a poucos quilómetros da costa chinesa, com o objetivo de "avaliar as capacidades de resposta rápida e de gestão de emergências", de acordo com outro comunicado da agência.
O envio destas embarcações surge horas depois de a China ter anunciado exercícios militares nas imediações de Taiwan, designados Joint Sword-2024B, nos quais irá replicar o bloqueio e a tomada de portos e zonas chave da ilha, bem como ataques a alvos navais e terrestres.
EUA consideram injustificadas as manobras militares
Os Estados Unidos manifestaram hoje preocupação com a nova vaga de manobras militares da China perto de Taiwan, sublinhando que se trata de exercícios injustificados que podem "escalar" a tensão na região.
Em comunicado, o porta-voz do departamento de Estado, Matthew Miller, afirmou que a reação "militarmente provocadora" da República Popular da China ao "discurso anual de rotina" do líder de Taiwan, William Lai, na semana passada, "é injustificada e corre o risco de agravar a situação".
"Apelamos à República Popular da China para que atue com moderação e evite qualquer ação que possa prejudicar a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan e em toda a região, o que é essencial para a paz e a prosperidade regionais e uma preocupação internacional", advertiu o funcionário norte-americano.
"Continuamos a seguir de perto as atividades da República Popular da China e a coordenar com os aliados e parceiros as nossas preocupações comuns", acrescentou o comunicado, que recordou ainda que os EUA continuam "empenhados" na sua política de 'uma só China'.
Estas declarações surgem depois de Pequim ter iniciado hoje exercícios militares em torno de Taiwan, designados Joint Sword-2024B, nos quais está a encenar o bloqueio e tomada de controlo de portos e zonas chave da ilha, bem como ataques a alvos navais e terrestres.
As manobras envolvem forças terrestres, marítimas, aéreas e mísseis e são semelhantes às que a China realizou em maio passado, também no Estreito de Taiwan e em torno do território autónomo sobre o qual Pequim reivindica soberania.
A ação de hoje é a quinta vez que a China recorre a este tipo de manobras desde 2022, ano em que realizou a primeira deste calibre em resposta à visita da então presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, a Taiwan, que enfureceu Pequim e elevou as tensões entre os dois lados do estreito a níveis nunca vistos em décadas.
As manobras envolvem forças terrestres, marítimas, aéreas e mísseis e são semelhantes às que a China realizou em maio passado, também no Estreito de Taiwan e em torno do território autónomo sobre o qual Pequim reivindica soberania.
A ação de hoje é a quinta vez que a China recorre a este tipo de manobras desde 2022, ano em que realizou a primeira deste calibre em resposta à visita da então Presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, a Taiwan, que enfureceu Pequim e elevou as tensões entre os dois lados do estreito a níveis nunca vistos em décadas.
A ilha é uma das principais fontes de fricção entre Pequim e Washington, uma vez que os EUA são o principal fornecedor de armas de Taiwan e poderiam intervir para defender a ilha em caso de conflito.