A importância dos jornais impressos

Desde os primórdios que o ser humano teve a necessidade de registar o que quis comunicar, inclusive começou com desenhos nas pedras ou cavernas.

A invenção da prensa na Europa - Guttenberg (1450) foi das mais revolucionárias invenções de sempre.

Aqui na Madeira, tivemos o “Patriota funchalense”, um dos mais antigos jornais em Portugal, datado de 1821. Os Açores mantêm o seu “Açoriano Oriental” como o jornal português mais antigo em actividade.

Cresci numa geração, onde ler o jornal fazia parte da ronda habitual.

Mas o que perfaz um jornal?

Um jornal impresso “imprime” sensações em nós.

Um documento historiográfico que fica para sempre…

As páginas de jornais de cor amarelada a decorar uma loja fechada…

Uma folha de jornal “vagabunda” no chão…

As páginas de jornais que forram caixas ou livros…

A forma como, quando ficam empilhados parece uma “bíblia” de informação.

Até os característicos furinhos laterais das páginas direitas.

Os recortes de jornais que guardamos com o assunto que nos interessa, para mais tarde recordar…

Investigar jornais antigos: ver as notícias antigas, as fotografias, as publicidades, as pessoas, os lugares. O que mudou ou não.

Que agora estão muito mais acessíveis graças aos arquivos digitais, verdade seja dita, mas a base foi o papel impresso.

Este próprio momento, aqui, agora em que o leitor lê este artigo. Obrigado pela atenção.

Um documento que é real, palpável, físico. Não é virtual como o digital que é baseado em zeros e uns.

Um momento em que estamos “offline” num mundo cada vez mais perigosamente “online” e ainda só estamos no início… Em que é estudado até onde o “rato” do computador se desloca ou o dedo no ecrã.

A pandemia do Covid-19 teve um grande impacto negativo fechando imensos jornais. Os jornais mais fortes vão resistindo heroicamente.

Compreende-se a preocupação ecológica.

A evolução tecnológica, o efémero “ditatorial” dos dias de hoje, as questões ambientais condicionam a que cada vez mais haja uma preferência pelo digital. Mas choca ver que os jovens já não leiam jornais, e quem leia um jornal em papel seja considerado um idoso!...

Ler um jornal é um prazer, o impacto da primeira página, sentir o papel nas mãos, o cheiro do papel, o som do folhear das páginas. Todo um ritual diário que um ecrã nunca irá oferecer. A própria concentração é diferente, com o ecrã, divergimos muito mais e rapidamente e não digerimos bem a informação. Tal como um livro, um jornal e a sua importância não pode ser perdida.

As diferentes secções que fazem o nosso “mundinho” regional.

Será inevitável que haverá cada vez menos jornais impressos.

Não importa qual ou quais os jornais. Mas em pequenas comunidades como o nosso arquipélago é crucial existir um fórum das nossas “coisas madeirenses”.

Mas também um desafio para os próprios jornais e os leitores. Mantendo a tradicionalidade aliando-se à modernidade vigente.

Em que os jornalistas terão de ser mais incisivos e criativos, e os leitores sejam mais intervenientes e comunitários.

Exigência para o produtor e o consumidor.

Parabéns ao Diário de Notícias pelos 148 anos, que continue em papel.

Rodrigo Costa