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Desgovernados!

A situação política da Madeira não está nada bem. A idoneidade e seriedade deste Governo está posta em causa!

Diz o dicionário que desgoverno é: 1) não governar bem; administrar ou reger mal; 2) afastar(-se) do bom caminho, do dever; depravar(-se), desencaminhar(-se); 3) fazer deixar ou deixar de estar sob controle; 4) gastar desordenadamente; dilapidar, dissipar, esbanjar.

E este é o termo certo para classificar o que se passa na Madeira.

A situação política da Madeira não está nada bem. A idoneidade e seriedade deste Governo está posta em causa! Só neste ano já tivemos 2 investigações. Uma, em janeiro, que fez cair o governo regional e irmos a eleições antecipadas. E outra, recentemente, no passado mês de setembro, Operação Ab Initio que acrescentou mais uns “ilustres” do PSD-Madeira a investigações sobre possíveis práticas por má governação.

Depois de tudo isto, a culpa não pode morrer solteira. Estão a brincar com o futuro dos madeirenses e portossantenses?

Já todos nos olham de lado. Até Montenegro que habilmente se esquivou de vir à Festa do PSD-Madeira em julho passado, já não liga nenhuma a Albuquerque. As reivindicações que o Governo Regional da Madeira pretendia no Orçamento de Estado para 2025 ficaram “substancialmente aquém das expectativas” não sendo contemplados “vários pontos de reivindicação” da região. Palavras do executivo madeirense.

Mas compreende-se esta atitude. Vá lá que alguém tem discernimento. Com tanta investigação e trapalhada, quem quer estar ao lado de pessoas a serem investigadas? O rótulo de estarem a serem investigados já ninguém os tira.

Aos poucos e poucos, vai-se minando a confiança do que se faz de bom por aqui. A brincar, qualquer dia apanham um susto valente de ninguém querer associar-se com nada do que se faz por aqui. Pensam que as notícias regionais ficam apenas por cá? Pensam que não são guardadas em arquivo digital em instituições internacionais? Pensam que o estrago é só regional e que vão dar a volta à coisa? Acho melhor pensarem bem no caminho que estamos a seguir. A União Europeia tem um trabalho sério no arquivo de notícias saídas na comunicação social em todo o território comunitário… E usam-no nas suas decisões.

O nome da operação de setembro, ab initio, vem do latim e significa desde o princípio, desde o começo, desde que o mundo é mundo. Sabendo disto, neste momento, a administração pública regional foi invadida pelo medo. Agora estão todos com as calças na mão.

Dirá o leitor, e de quem é a culpa disto tudo? Não é de Lisboa, com toda a certeza.

Para começar, é dos militantes do PSD-Madeira que votaram pela continuação dos destinos do seu partido. Num clima de medo, ou na promessa de um lugar ao sol, a pensar no seu umbigo, insistiram numa solução que não está a resultar e que poderá ter resultados catastróficos para o próprio partido.

Num amor cego ao partido, ou por interesses “ocultos”, escolheram pela manutenção do status quo no dia das eleições. E agora o resultado está aí. Aguenta coração!

Depois, a culpa é dos partidos da oposição que fizeram com que se viabilizasse o orçamento regional em junho deste ano após as eleições. Ainda que percebendo a pressão mediática do governo regional para a sua aprovação, acovardaram-se e fizeram com que tudo acabasse em nada, fazendo aprovar o orçamento. E moção de censura? Cá nada. Está tudo fixe.

Não perceberam o que significou o resultado dos votos e a sua dispersão por vários partidos. Na minha opinião, PAN, Chega, IL têm culpas no cartório. Não tenham dúvidas que foram julgados em silêncio e logo se verá o que acontecerá no futuro. Aliás, todos foram julgados!

Fazer governar em duodécimos era a melhor solução para um maior controlo das contas públicas. Afinal, já estávamos a meio do ano e muita coisa já estava programada. Cada caso é um caso e a falta de conhecimentos de gestão permitiu uma grande trapalhada no discurso proferido por todos.

E agora? Agora, a solução é limpeza de imagem e estratégia de comunicação lançando temas que parecem grandes, mas que não resolvem em nada a vida dos madeirenses? Jogar areia para os olhos que o Zé Povinho não entende nada?

O que é isto de defender que precisamos de uma outra lei de finanças regionais mais abrangente? Mas, alguém já se perguntou para quê querem esta lei e mais autonomia? Para estarem mais à vontade? Em quê a atual lei não corresponde às aspirações dos madeirenses? Ainda ninguém nos veio explicar em quê estão “castrados”?

Tomando-nos todos por tontos, agora querem alterar a lei eleitoral para cada município ter a sua lista de deputados e passar a haver círculos por municípios. E qual a verdadeira razão desta proposta? Simplesmente conseguir a maioria. Desta forma, o partido mais votado, é que fica com a totalidade dos deputados. Com muitos menos votos, conseguem manter-se no poder. Isto é que vai ser votos desperdiçados.

O sistema atual, de círculo único, permite uma maior representatividade dos votos colocados em urna em todos os partidos. O CDS/PP já tomou consciência que com esta proposta está em causa a sua própria sobrevivência? Abram o olho.

Em democracia, quanto mais a opinião for diversificada, maior é o contributo de todos para as soluções. Apesar de se demorar mais na decisão, todos ficamos a ganhar.

Em terra de cego, quem tem olho é rei, mas graças a Deus que ainda existem aqueles que têm os olhos bem abertos!