O mau serviço prestado pela Horários do Funchal
Não é meu apanágio usar a comunicação social para criticar por criticar, ou enveredar pela política do bota-abaixo, porque não me movem interesses de índole partidária, mas sim, na condição de cidadão e, neste caso, como utente do transporte público. Não é a primeira vez que uso este matutino para denunciar e condenar veementemente, o mau serviço prestado pela empresa pública, Horários do Funchal (HF) que a meu ver, de pública só tem o nome e sobrevivência, em parte, à custa do erário público. Sempre que falo no atual serviço desta companhia, vem-me à memória o serviço de Excelência que ao longo de vários anos a mesma pautou. Como gestor de referência, apraz-me referir o nome do Coronel Morna do Nascimento. O Coronel Morna, como líder pragmático e eficiente que era, para aferir in loco sobre o serviço prestado, saía com alguma frequência do local de conforto e efetuava viagens de autocarro. Várias vezes tive o prazer de tê-lo como companheiro de viagem na carreira nº 19. Estas viagens serviam para que tivesse um “feedback” do serviço prestado, procedesse a alterações e efetuasse adaptações. Era também com alguma frequência que recebia questionários para avaliar o serviço prestado em múltiplos aspetos. Por isso, tudo funcionava bem e ainda hoje há muitas pessoas que tiveram o privilégio de utilizar o transporte público na liderança do Coronel Morna, que são perentórias em afirmar com um certo saudosismo: “Na altura do Coronel Morna isto funcionava muito bem… agora é o que se vê!”. Também é uso ouvir-se, com muita frequência por parte de muitos utentes, a seguinte frase: “Só com a mudança do governo é que talvez mude quem manda nos Horários do Funchal!”. Agora cabe ao Presidente do Governo Regional tirar também algumas ilações. Há alguns anos, alertei-o para o descontentamento de muitos utentes pelo serviço prestado por esta companhia. Não sei se o lema desta companhia, “prestar um bom serviço à população”, é realidade ou simplesmente uma quimera. Também vem contrariar o encorajamento à população, frequentemente proferido por parte do elenco governativo da Câmara Municipal do Funchal (CMF), para que esta recorra aos transportes públicos, a fim de não congestionar o trânsito dentro da cidade e em prol do ambiente. Mas o motivo deste meu artigo, advém da intransigência e insensibilidade por parte da Horários do Funchal, em resolver uma situação que a meu ver e de outros, é de fácil resolução. No dia 3 do presente mês, um troço do Caminho dos Saltos ficou interdito ao trânsito até ao dia 18, para a construção de uma conduta para água, igual às que a CMF tem construído pelo centro da cidade e nas zonas limítrofes. Consta no horário da carreira nº 19, viagens que na sua maioria, têm como término o Largo da Levada da Corujeira, onde existe o maior núcleo populacional, e outras (poucas) com o término no Caminho dos Marcos. A Junta de Freguesia e CMF, face à situação que per si, provoca constrangimento, tanto aos utentes como aos condutores, envidaram todos os esforços junto da HF para que fossem realizadas viagens até ao L. da L. da Corujeira, por um percurso alternativo. Mas infelizmente, a HF insensível à situação resolveu só efetuar algumas viagens (poucas) pelo percurso alternativo, até à zona do maior núcleo populacional, L. da L. da Corujeira, passando a maioria das viagens a ter como término, a E. Comandante Camacho de Freitas. Não obstante a insistência quer da Presidente da Junta de F. do Monte, da CMF e de uma mensagem por mim enviada a solicitar uma maior equidade entre as viagens que ficam na E. C. C. de Freitas e o Largo da Levada da Corujeira, a HF, manteve-se irredutível. Segundo sei, alegou problemas técnicos. Não sei em que sentido, porque ninguém está a solicitar mais viagens daquelas que, numa situação normal, são efetuadas. Problemas técnicos têm os utentes sentido em alguns autocarros obsoletos, que enrascam pelo caminho, outros que emitem um barulho ensurdecedor, outros que até a campainha começa a tocar ininterruptamente desde o centro até ao término da viagem e outros que param na estrada e o motorista sai e dirige-se para o depósito a ver se tem água. Deste último episódio tenho registo fotográfico onde se pode ver tanto o motorista como um indivíduo no terminal dos carros de cesto, de mangueira na mão para encher o depósito. Tudo isto vivenciei durante as viagens que tenho efetuado. Mas o busílis da questão prende-se somente com o local onde as viagens terminam! Resumindo, a maioria das viagens que melhor serviam os utentes da Levada da Corujeira, passaram a terminar numa zona distante, E. C. C. de Freitas. Como exemplo da falta de consideração pelos utentes, ao final da tarde, efetuam a partir do centro, uma viagem até ao largo da Levada da Corujeira às 18:20 e a seguinte e última, às 20:30. Significa que quem acaba a sua jornada laboral a partir das 18:30, tem de esperar no Funchal até às 20:30 para não ter de subir uma íngreme ladeira e percorrer uma distância considerável até chegar a casa. Para quem parte do centro do F. após as 20:30, para chegar a casa, se vive na L. da C. não tem outra alternativa senão efetuar o percurso a pé que anteriormente referi. Alguém acha isto normal? Para quem quiser certificar-se desta situação anormal e caricata, basta aceder ao site da Horários do Funchal e na parte de horários e carreiras, entrar no horário da carreira nº 19. Poderá constatar que as viagens que só são realizadas neste momento até ao maior aglomerado populacional, L. da C., são as que estão assinaladas com a alínea a). A CMF perante a teimosia e inflexibilidade da HF, no intuito de amenizar o transtorno causado à população, decidiu colocar desde o dia 8, uma carrinha de 9 lugares para que alguns utentes possam ser transportados desde a Rua Comendador César Fernandes Rosa, até à Estrada dos Marmeleiros, das 7:00 às 9:30; das 12:00 às 14:30; e das 17:30 às 20:00. Informaram-me que na opção deste percurso, pesou o facto de haver uma maior oferta de autocarros na Estrada dos M..Mas segundo alguns utentes, era preferível a carrinha descer o Caminho dos Ausentes e deixá-los na Estrada C. C. de Freitas onde atualmente acabam e começam, a maioria das viagens, tendo em conta uma adequada coordenação entre as chegadas e as partidas. Mas a partir das 20:30, como os autocarros que partem do Funchal ficam todos na E. C. C. de Freitas, quem vive na L. da C. não tem outra alternativa senão fazer o percurso a pé, que menciono anteriormente. Graças à falta de vontade por parte da HF, tenho sido abordado por várias pessoas sobre o que está a acontecer e até já ouvi desabafos de alguns idosos que preferem ficar em casa, mesmo tendo assuntos a tratar no Funchal, do que andar dependentes desta incerteza sobre o transporte de e para o Funchal... Para finalizar, só tenho a dizer que se tivesse responsabilidades políticas, há muito tempo que já tinha resolvido a situação desta empresa, trazendo a pujança de outrora.
José João Correia Pereira