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Fact Check Madeira

Os carros eléctricos não são uma alternativa verde?

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Foto Shutterstock

Em plenário, esta quinta-feira, o secretário regional de Equipamentos e Infraestruturas, Pedro Fino, deu conta de uma proposta de decreto que estabelece o regime jurídico do sistema de incentivos à descarbonização dos transportes terrestres na Madeira.

Uma das medidas passa por abater pelo menos 550 veículos e substituir por veículos eléctricos, mediante um apoio médio na ordem dos 5.450 euros, que pode variar em função do nível de rendimento dos beneficiários, tal como avançou ontem o DIÁRIO.

Mais de 100 comentários a esta notícia foram deixados nas redes socais do DIÁRIO, destacando-se um: “Os carros elétricos não são uma alternativa VERDE, ao contrário do que nos querem impor”. Será verdade?

Os carros eléctricos têm sido considerados uma das soluções mais promissoras para alcançar uma mobilidade mais sustentável. Estes veículos, que operam sem emissões de CO2 (Dióxido de carbono), contribuem para a redução da poluição do ar e das emissões dos gases de efeito estufa.

Uma das metas da União Europeia desde 2021 é que os veículos vendidos não emitam mais do que 95 g de CO2 por km.

A mesma meta refere que a “alteração da legislação deverá beneficiar os cidadãos ao facilitar uma utilização mais abrangente de veículos com emissões líquidas nulas de CO2 - e nomeadamente melhor qualidade de ar, poupanças energéticas e menores custos na aquisição de um veículo, bem como incentivar a inovação no que refere a tecnologias que causem emissões líquidas nulas”.

Resultam também numa poupança de combustível a longo prazo. Quando o veículo é carregado em casa ou em estações de carregamento públicas, o custo por quilómetro percorrido acaba por ser menor do que abastecer um carro com gasolina ou gasóleo.

Por exemplo, segundo o Observatório Europeu de Combustíveis Alternativos é possível verificar quando pode pagar uma recarga em países europeus, em diversos modelos de veículos eléctricos a bateria.

A calculadora gera os seguintes resultados: MSP Min (custo de recarga, quando feito com o MSP mais barato do país), MSP Max (custo de recarga, quando feito com o MSP mais caro do país), Adhoc (custo médio de recarga, quando feito sem uma assinatura MSP).

O site permite selecionar oito modelos de carro. Vejamos:

Honda-e: Para recarregar um Honda-e (Tempo de recarga: 36 minutos; Potência carregada: 19,95 kW) (Segmento B) em Portugal num ponto de recarga CC baseado em energia, de 10% a 80% da carga da bateria, espere pagar; Preço MSP por 100 km: € 1,18 - € 13,24 Preço ad hoc por 100 km: € 3,52. Após a sessão de recarga o veículo recarregou 119 quilómetros;

Nissan Leaf (Tempo de recarga: 43 minutos; Potência carregada: 27,3 kW) (Segmento C) em Portugal num ponto de recarga DC baseado em energia, de 10% a 80% da carga da bateria, espere pagar: Preço MSP por 100 km: € 1,16 - € 13,15 Preço ad hoc por 100 km: € 3,49. Após a sessão de recarga o veículo recarregou 164 quilómetros.

Dacia Spring Electric (Tempo de recarga: 38 minutos; Potência carregada: 17,5 kW) (Segmento A) em Portugal num ponto de recarga CC baseado em energia, de 10% a 80% da carga da bateria, espere pagar: Preço MSP por 100 km: € 1,14 - € 12,81 Preço ad hoc por 100 km: € 3,41. Após a sessão de recarga o veículo recarregou 108 quilómetros.

Fiat 500e (Tempo de recarga: 25 minutos; Potência carregada: 26,11 kW) (Segmento B) em Portugal num ponto de recarga DC baseado em energia, de 10% a 80% da carga da bateria, espere pagar: Preço MSP por 100 km: € 1,12 - € 12,58 Preço ad hoc por 100 km: € 3,34. Após a sessão de recarga o veículo recarregou 164 quilómetros.

Hyundai Kona Electric (Tempo de recarga: 50 minutos; Potência carregada: 27,44 kW) (Segmento B) em Portugal num ponto de recarga DC baseado em energia, de 10% a 80% da carga da bateria, espere pagar Preço MSP por 100 km: € 1,1 - € 12,39 Preço ad hoc por 100 km: € 3,29. Após a sessão de recarga o veículo recarregou 174 quilómetros.

Um Tesla Model 3 (Tempo de recarga: 25 minutos; Potência carregada: 40,25 kW) (Segmento D) em Portugal num ponto de recarga DC baseado em energia, de 10% a 80% da carga da bateria, espere pagar Preço MSP por 100 km: € 1,06 - € 11,95 Preço ad hoc por 100 km: € 3,18. Após a sessão de recarga o veículo recarregou 266 quilómetros.

Para recarregar um Volkswagen ID.3 Pro S (Tempo de recarga: 33 minutos; Potência carregada: 53,9 kW) (Segmento C) em Portugal num ponto de recarga DC baseado em energia, de 10% a 80% da carga da bateria, espere pagar Preço MSP por 100 km: € 1,2 - € 13,52 Preço ad hoc por 100 km: € 3,59. Após a sessão de recarga o veículo recarregou 315 quilómetros.

Um XPENG P5 (Tempo de recarga: 44 minutos; Potência carregada: 42 kW) (Segmento D) em Portugal num ponto de recarga DC baseado em energia, de 10% a 80% da carga da bateria, espere pagar Preço MSP por 100 km: € 1,09 - € 12,33 Preço ad hoc por 100 km: € 3,28. Após a sessão de recarga o veículo recarregou 269 quilómetros.

Uma outra vantagem dos veículos eléctricos diz respeito à manutenção dos mesmos. Por normal os carros com bateria eléctrica têm menos peças automóveis em comparação aos veículos de combustão, isto significa que terá menos desgaste e necessidade de manutenção.

Contam igualmente com vários benefícios fiscais tanto para particulares como empresas, assim como um apoio à aquisição e a não tributação autónoma nas despesas destes.

A 31 de Agosto deste ano na notícia do DIÁRIO '8.900 viaturas abatidas desde 2020' é referido que, no âmbito dos apoios à mobilidade sustentável, o Governo Regional promove o Programa de Incentivos à Mobilidade Eléctrica da Região Autónoma da Madeira (PRIME-RAM), onde o objectivo passa por "contribuir significativamente não só para a melhoria da qualidade do ar, a redução de ruído e a desaceleração do processo de alterações climáticas, mas também exortar a padrões de produção e de consumo mais favoráveis para o ambiente."

Há, no entanto, a ter em atenção que para fabricar um carro eléctrico é necessário o consumo de muita energia, com as emissões a serem mais elevadas do que um carro com um motor de combustão. Isto ocorre devido ao fabrico de baterias, que são uma parte essencial deste veículo. 

A página Automóvel Club de Portugal explica que as matérias-primas utilizadas no fabrico das baterias -lítio, cobalto e o níquel- "são superiores aos dos automóveis a combustão". 

Ainda assim, um estudo desenvolvido, em 2021, pelo Massachusetts Institute of Technology Energy Initiative conclui que embora esta situação se confirme, é importante considerar que estas emissões compensam durante o períodos de utilização do mesmo porque não produz CO2.

Também um outro estudo desenvolvido pelas universidades de Exeter e Cambridge (Reino Unido) e Nijmegen (Holanda) concluiu que os carros eléctricos levam a menores emissões de CO2, mesmo se a produção de electricidade ainda envolve grandes quantidades de combustíveis fósseis.

"Os carros eléctricos não são uma alternativa verde, ao contrário do que nos querem impôr"