Pimenta no olho dos outros, para mim é refresco ...!
Trata-se de um ditado antigo e que pode ter outra abordagem, eventualmente mais brejeira se estivermos a falar de outra localização corporal onde o ardor, presume-se, possa ser igualmente doloroso .... É tudo uma questão de perspectiva e local.
Lembrei-me de uma “estória” que se contava nas longas noites de espera na Guiné e que ajudava a melhorar o ânimo da tropa e a amenizar a coisa...
• Havia um Capitão que comandava uma Companhia no Norte de Angola numa região muito má em termos de segurança e que sofria ataques e flagelações constantes do inimigo, o que provocava um exagerado consumo de munições. Chamavam-lhe o “Gasparinho” e dizia-se que estava meio “apanhado do clima” (designação que na gíria militar significava estar meio maluco); ora, esta situação de ataques reiterados provocava constantes pedidos a Luanda, aos serviços de manutenção e aprovisionamento para o envio de mais munições ... Um dia o Chefe de Estado-Maior, sentadinho com os pezinhos debaixo da secretária e no remanso do ar condicionado, respondeu ao “rádio” (tipo telegrama) a solicitar mais das ditas:
... Mouzinho de Albuquerque conquistou Angola sem dar um tiro ...! Resposta de “Gasparinho” pela mesma via: - Por favor mandem-me dois Mouzinhos de Albuquerque ...!
A visão das pessoas sobre o mesmo assunto, tem muito a ver com a perspectiva e com a sua localização em determinado momento, o que cria situações de desigualdade na análise. É da natureza e condição do homem e a coisa torna-se mais linear e justa, especialmente se quem lidera, tiver a capacidade e cuidado de “se colocar no lugar e situação do outro”... Ajuda e de que maneira. Caso contrário ...!
No outro dia estava sentado numa esplanada à beira da piscina, no Restaurante para almoçar. Quando o empregado a suar e afogueado com o calor, veio recolher “a ordem ou pedido”, disse-me:
• Então como está? Respondi - Bem muito obrigado! E para fazer conversa de forma simpática disse-lhe: - Está um dia lindo!
Respondeu-me enquanto escrevia imerso no seu bloco e sem olhar para mim: - Pena estar sol, eram bem-vindas umas nuvens para “forrar” e para ficar fresco ...
Felizmente, não viu o meu ar surpreso e apreensivo, logo eu, que estava ali, porque pretendia apanhar um “solinho” para ficar moreno ...
Claro, que se estivesse no seu lugar a minha perspectiva seria outra e com o calor, se calhar idêntica à sua... Simples, mas, com aquele desejo já não dei “gorjeta”, pelo sim, pelo não, não fosse o sol desaparecer ...
Depois a minha costela empresarial veio ao de cima e pensei com os meus botões, se eu fosse o concessionário e tivesse salários para pagar no fim do mês, sem sol, não teria clientes e o dinheiro não entrava ... E aí o funcionário fresco e arejado, mas, sem ordenado?
Pois, na vida é tudo uma questão de perspectiva e localização em cada momento!
Por falar em calor, recentemente tivemos bastante com os incêndios que assolaram a Madeira. Confesso que tenho poucos conhecimentos na área e com a grande quantidade de “experts” e entendidos que descobri termos na Região e não só, quem seria a minha pessoa para adiantar ou analisar o que quer que seja; é que são bombeiros e bombeiras, especialistas em protecção civil, governantes, políticos, militares e civis, etc., etc... Tantos, que fizeram um trabalho duro, mas, admirável, além dos que sofreram na pele as consequências; e no meio disto e da desgraça, aparecem os sabidos, além dos ateadores de fogo bem como, alguns políticos que tentam cavalgar o momento de modo cruel, oportunista e até outros de forma desonesta.
Retive a vinda da menina Mortágua (uma bombeirinha, do tipo incendiária) que veio de Lisboa, não sei se em “lua de mel” e também para nos informar que tinham ardido uns determinados hectares de terreno, ver a vista dum miradouro e pedir a demissão de Miguel Albuquerque. Agradeço e fez bem, embora penso que seria o momento, de alguém fazer o obséquio e explicar à “criatura” os resultados que o seu partido teve aqui na Região nas últimas eleições regionais e que inclusivamente perderam o lugar que ocupavam no Parlamento da Madeira...é que poupávamos o constrangimento e a esperteza saloia de nos tomar por tontos. Pessoalmente, não gosto nada da personagem, embora pese as nossas diferenças, até temos alguns gostos e preferências em “comum” ...
Confesso que a rábula dos nossos Governantes relativamente às idas ao Porto Santo, me incomodou e não ficou nada bem. Estou seguro de que muito melhor que eu, os próprios, já o saberão. É a minha opinião e sentimento e também de muitas outras pessoas, não há como escondê-lo, mesmo, não alterando nada em relação ao “apagar dos fogos” ...
A Ética é impiedosa com quem ocupa determinados cargos; como se diz vulgarmente “noblesse oblige”...!
Tenho visto o líder do PS e algumas e alguns que permanentemente o acompanham a discorrerem indignados e entusiasmados sobre o tema, que diga-se, não deixou de ser uma fatalidade esquecendo, por exemplo a “árvore do Monte” , que penso lhes pesará alguma coisa na consciência, bem como e falando de incêndios, em que parecem muito à vontade e com grandes conhecimentos, aliás, como o demonstraram no de “Pedrógão Grande” em 2017, onde morreram 66 pessoas e ficaram feridas 253 , tendo ardido 45.979 hectares, aí e em Mação...
Então, onde ficou a sua dialéctica e vontade de investigar e integrar comissões de inquérito nessa altura? O que diga-se, seria mais do que justificável, inclusivamente agora, aqui na Madeira e neste caso, que nos parece da mais elementar necessidade. Há dúvidas, erros e negligência, pois que se apurem responsabilidades, mas, com isenção e independência do “jogo político”...
Pede-se serenidade, rigor, competência e exige-se seriedade! Só ...
Aqui chegados e depois de assistir à catástrofe que assolou e varreu o nosso país em termos de incêndios no mês de Setembro, que inclusivamente motivou e exigiu a ajuda de vários países europeus, tendo inúmeras vezes a expressão mais pronunciada e repetida ter sido, fora de controlo, permitam-me e para satisfazer a minha curiosidade, que pergunte aos membros da comissão que vão inquirir sobre “os nossos”: - Já algum dos senhores ou senhoras que a compõem apagou ou ajudou a apagar algum incêndio?
Quanto à dita comissão de inquérito na Assembleia da República, “atropelando” violentamente a nossa Autonomia, proporcionou-nos mais um triste episódio a que a direcção do PS Madeira actual já nos habituou e como os resultados, sobejamente, têm se encarregue de demonstrar. A chamada “pobreza franciscana” e com a agravante de alguns, nem sequer terem a capacidade de perceber a figura triste que fazem ... Que penúria!
Que o senhor deputado Iglésias, tenha laivos e resquícios de colonialista dada a sua origem, ainda é compreensível, agora os nascidos na Região ...
Pois, ... “a Autonomia não tem donos” ..., berrava histérico um deputado no Parlamento Regional e eu concordo, mas, há alguns, que infelizmente, nem sabem o que isso é, e do meu ponto de vista não a merecem!
O resultado desse exercício e vergonha em termos práticos e de produtividade foi ZERO, e nós a pagarmos muito caro a indigência ...
O que choca as pessoas e os eventuais eleitores e lhes mina a credibilidade, é a diferença de comportamento de alguns políticos perante os mesmos cenários...
Será que alguém lhes explica o significado de “ter vergonha na cara”, bem como o que quer dizer “ser coerente” e de caminho que em política, tal como na vida, não pode valer tudo ...!
Pois é, sempre o local e a perspectiva!
Termino com uma anedota para desanuviar o ambiente e fazer a respectiva higienização, pois cheira muito “a queimado” ...
• ...Um Médico Urologista atende na sua consulta o próprio Avô. Cumprimentam-se como tal, com o neto querendo saber como estava a Avó.
Responde-lhe o Avô: - Felizmente está tudo bem, mas, para não te roubar muito tempo e indo directamente ao assunto, vim aqui falar contigo porque quero saber informações sobre o Viagra ...
Ah! Avô o Viagra é um excelente medicamento, mas é muito caro.
Quanto custa? São sessenta euros cada comprimido Avô ...
Tens razão. É caro.
Mas, mesmo assim eu quero experimentar! Venho pagar amanhã sem falta, pois não tenho tanto dinheiro comigo.
O neto entrega-lhe o comprimido e ele sai de lá todo contente ...
No dia seguinte regressa, logo no início da consulta e entrega ao neto quinhentos e sessenta euros ...
Ah! Avô compreendeu mal! São sessenta euros e não quinhentos e sessenta ...
Eu sei. Os sessenta euros são meus. Os outros quinhentos foi a tua Avó que mandou...!
Moral da história - O Local é o mesmo! A perspectiva do Avô e da Avó é que era diferente.... É que o resultado de apagar o lume, não é igual em todos os fogos ...!