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Na Madeira mandam os madeirenses

Todos sabemos o que era a Madeira antes e depois da Autonomia, materializada num governo e parlamento próprios

O Partido Socialista - com as recentes audições na Assembleia da República, a propósito dos incêndios na Região - voltou a demonstrar o motivo pelo qual continua a somar derrotas atrás de derrotas na Madeira: é um partido que nega a Autonomia, que procura asfixiar essa mesma Autonomia em Lisboa, e que desonra a história de todos os madeirenses que sempre quiseram ser senhores do seu destino e do destino da sua Região.

Na Madeira não podemos aceitar que o Governo Regional responda perante deputados que não foram eleitos pelo Povo Madeirense. O Governo da Madeira responde perante o Parlamento da Madeira e seus representantes. A Assembleia Legislativa da Madeira - com 47 deputados, de diferentes forças partidárias - é a única com legitimidade para fiscalizar a ação governativa regional, independentemente da sua cor política. A iniciativa do Partido Socialista na Assembleia da República, com a colaboração de socialistas madeirenses, configura, do ponto de vista político e social, um desrespeito pelo povo madeirense, e, do ponto de vista jurídico, uma violação da Constituição da República Portuguesa e do Estatuto Político-Administrativo da Região.

Em rota de colisão com os madeirenses, que manifestam nos seus mais diferenciados momentos de participação cívica um desejo de aprofundamento da Autonomia, o Partido Socialista aumenta o seu cunho centralista, corporativo e conservador. Todos sabemos o que era a Madeira antes e depois da Autonomia, materializada num governo e parlamento próprios. Retroceder no tempo, esvaziando estes órgãos, representaria um grande bloqueio no desenvolvimento da Madeira e, por conseguinte, da qualidade de vida dos madeirenses. Se hoje nos encontramos dentro dos padrões de vida europeus em muito devemos à descentralização política levada a cabo nas últimas décadas.

Combater o centralismo de Lisboa, e defender o aprofundamento da Autonomia, devia ser um desígnio de todos os representantes do povo madeirense, independentemente do partido pelo qual foram eleitos. O isolacionismo a que o poder central nos deixou entregues durante séculos, contra o qual os madeirenses lutaram, deveria estar bem presente na memória de quem nos representa.

Não se percebe, por isso, como é que o cabeça-de-lista do PS à Assembleia Legislativa da Madeira, Paulo Cafôfo, pode ofender e desprezar de tal maneira o lugar a que se candidatou e que de momento ocupa. Alguém que se candidatou apregoando um “Compromisso com a Madeira” foi o primeiro a trair a Autonomia do povo madeirense. Não se percebe, por isso, com que cara é que Miguel Iglésias e Sofia Canha, deputados no parlamento nacional, eleitos pela Madeira, passam um atestado de incompetência aos deputados da Autonomia, 11 deles seus camaradas de partido, e têm o descaramento de desprezar a vontade do povo madeirense.

O único sítio onde se fiscaliza a ação governativa regional é no Parlamento da Madeira, pelos deputados da Madeira, de todas as forças políticas representadas, eleitos por todos os madeirenses, em respeito pela sua manifestação cívica. Por muito que custe ao Partido Socialista, na Madeira mandam os madeirenses.