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Idadismo: é tempo de mudar

O Dia Internacional da Pessoa Idosa comemora-se a 1 de outubro. Foi instituído em 1991 pela ONU com o objetivo de sensibilizar a sociedade para as questões da população mais idosa.

O idadismo, ou a discriminação baseada na idade, é uma forma de preconceito que afeta pessoas de todas as idades. A intersecção entre o idadismo, o sexismo e a discriminação pelo aspeto físico cria um contexto em que as mulheres mais velhas são frequentemente marginalizadas, ignoradas e desvalorizadas.

As mulheres enfrentam desafios relacionados com a sua idade muito antes da “velhice”. Desde jovens, muitas sentem a pressão social para atender a padrões de beleza e comportamentais impostos pela sociedade. Ao envelhecerem, essas pressões intensificam-se. Ao glorificar a juventude e a beleza como os principais atributos das mulheres, está-se a perpetuar estereótipos negativos sobre o envelhecimento feminino e a contribuir para uma visão distorcida do que significa ser mulher ao longo da vida.

Os impactos do idadismo nas mulheres são evidentes em vários aspetos da vida social e profissional. No mercado de trabalho, por exemplo, muitas mulheres enfrentam discriminação na contratação e promoções simplesmente por serem consideradas “velhas”. Tal preconceito é particularmente significativo em profissões onde se valoriza principalmente a aparência física ou onde existe uma ideia errada de que as habilidades se deterioram com a idade. Isto acaba por empurrar muitas mulheres para fora do trabalho prematuramente, ou por limitar o seu potencial de subir na carreira.

Além disso, muitas mulheres mais velhas encontram-se em situação financeira precária devido à desigualdade salarial ao longo da vida laboral e à precarização das suas condições laborais. Isto resulta frequentemente numa dependência financeira dos parceiros ou do Estado – um ciclo vicioso que pode perpetuar a vulnerabilidade das mulheres mais velhas.

No âmbito das relações sociais e familiares, as mulheres são, muitas vezes, vistas como menos relevantes ou interessantes à medida que envelhecem. As histórias contadas por pessoas mais velhas são, também, habitualmente desvalorizadas, o que é um erro colossal que priva toda uma geração do saber acumulado dessas mulheres.

Num mundo cada vez mais pluralista, precisamos urgentemente desafiar estes estereótipos prejudiciais associados à idade. É necessário promover, nos media, representações positivas das mulheres mais velhas, de todos os tamanhos – elas devem ser vistas como líderes capazes, mentoras sábias e participantes ativas na sociedade.

É também fundamental exigir políticas públicas que apoiem as mulheres mais velhas no acesso ao trabalho digno e à saúde. Os espaços públicos também devem ser pensados para serem inclusivos para gerações inteiras e as interações intergeracionais positivas devem ser promovidas por toda a comunidade.

Para combater o idadismo, não nos devemos focar apenas nos/as jovens ou nos/as idosos/as; devemos olhar criticamente para como tratamos as mulheres ao longo das várias fases da sua vida. Reconhecer os direitos destas mulheres significa valorizar cada fase do seu percurso – reconhecendo a sua sabedoria e contribuição inestimável para a sociedade. Ao derrubar barreiras relacionadas com as discriminações baseadas no género e na idade, estamos não só a fortalecer as vozes femininas, como a construir sociedades mais justas para todas as pessoas, independentemente da sua idade.