Blinken diz que Israel aceita missão da ONU para regresso de palestinianos a Gaza
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, indicou hoje que Israel aceita "o princípio" de uma missão de avaliação da ONU no norte da Faixa de Gaza para avaliar o regresso dos palestinianos deslocados pela guerra.
"Estamos hoje de acordo sobre um plano que permita às Nações Unidas conduzir uma missão de avaliação, que determine o que deve ser feito para permitir que os palestinianos deslocados regressem às suas casas em segurança no norte" da Faixa de Gaza, declarou Blinken aos 'media' após um encontro com o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu.
Em paralelo, e na sequência de conversações com os dirigentes israelitas em Telavive na fase final do seu quarto périplo pela região desde o início do mais recente conflito israelo-palestiniano em 07 de outubro, Blinken exortou Israel a "deixar de tomar medidas que comprometam a capacidade dos palestinianos se governarem a si próprios".
"Israel deve ser um parceiro dos responsáveis palestinianos desejosos de conduzirem o seu povo a viver em paz ao seu lado, em vizinhança", acrescentou na sequência do encontro com Netanyahu.
Blinken esteve nos últimos dias em périplo pelo Médio Oriente, onde se reuniu com os dirigentes de países de peso do Golfo como o Qatar, os Emirados Árabes Unidos ou Arábia Saudita, e hoje assegurou que encontrou disponibilidade da parte destes interlocutores para contribuir para a reconstrução de Gaza.
"Uma das coisas que ouvi muito claramente nesta viagem é que muitos países estão dispostos a investir na reconstrução de Gaza e na sua segurança, e a apoiar os palestinianos a governarem-se", disse o secretário de Estado, que reiterou a necessidade de fomentar a solução de dois Estados para o conflito israelo-palestiniano.
Para que haja uma via construtiva pós-guerra em Gaza, algo "essencial" para os países da região é que "se defina um caminho real para a materialização de um Estado palestiniano", adiantou.
O conflito em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeado pelo ataque de 07 de outubro do grupo islamita palestiniano. Nesse dia, 1.140 pessoas foram mortas, na sua maioria civis mas também perto de 400 militares, segundo os últimos números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que 127 permanecem na Faixa de Gaza.
Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde 07 de outubro a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas mais de 23.000 pessoas -- na maioria mulheres, crianças e adolescentes -- e feridas mais de 55 mil, também maioritariamente civis.
A ofensiva israelita também tem destruído a maioria das infraestruturas de Gaza e perto de dois milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave, controlado pelo Hamas desde 2007.
A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.
Desde 07 de outubro, pelo menos 332 palestinianos também já foram mortos pelo Exército israelita e por ataques de colonos na Cisjordânia e Jerusalém leste, territórios ocupados pelo Estado judaico, para além de 5.600 detenções e mais de 3.000 feridos.