Activistas e líderes religiosos pedem investigação à morte de missionário católico na Venezuela
Ativistas dos direitos humanos, líderes comunitários e religiosos e Organizações Não Governamentais (ONG) solicitaram ao Ministério Público da Venezuela a realização de uma investigação fiável, rápida e transparente sobre a morte do sacerdote missionário católico Josiah K'Okoal.
O pedido foi feito através de um comunicado público, assinado por 139 ONG e 338 individualidades, depois de as autoridades venezuelanas anunciarem que o sacerdote se teria suicidado. "Exigimos publicamente das autoridades, especialmente do Ministério Público, uma investigação fiável, expedita e transparente sobre a morte do missionário e ativista dos direitos dos povos indígenas Josiah K'Okoal, assim como uma resposta institucional às denúncias por ele efetuadas sobre violações dos direitos das comunidades indígenas no país", lê-se no documento.
Natural do Quénia e naturalizado venezuelano, Josiah K´Okoal, era um missionário de 54 anos da Congregação de La Consolata. Vivia em Tucupita (sudeste do país) desde 2006, onde era conhecido por defender os direitos das comunidades indígenas locais, em particular da etnia "warao" (homens das canoas) que habitam os rios do estado de Delta Amacuro. Foi encontrado enforcado numa zona de bosque de Barrancas de Orinoco na terça-feira, um dia depois de a população ter denunciado o seu desaparecimento, após ter saído de bicicleta.
No comunicado é referido que a morte do missionário consternou a comunidade local, salientando-se que o sacerdote falava perfeitamente várias línguas indígenas e era muito apreciado pelos nativos. Segundo o diário venezuelano Últimas Notícias, um relatório preliminar do Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas (CICPC, antiga Polícia Técnica Judiciária) conclui que o missionário tinha uma depressão. Esta conclusão é questionada pelos "waraos", sublinhando que "as suas profundas convicções espirituais geram dúvidas razoáveis sobre esta hipótese", é ainda referido no comunicado. No pedido de investigação, os ativistas dos direitos humanos, líderes comunitários e religiosos e as ONG solicitam a participação de "organismos internacionais" para que "os resultados gerem confiança".
No documento é igualmente pedido ao Governo venezuelano que, este ano, "promova políticas que se concentrem no impacto da emergência humanitária complexa nas comunidades mais vulneráveis do país, especialmente dos povos indígenas".