2024: o ano da militância
Há um ano, escrevi um artigo de opinião que, entre outras coisas, assinalava os desafios para a nossa vida colectiva com que o ano se iniciava: na política, os desafios eleitorais, entre outros, do PS Madeira; no desporto, a situação sensível enfrentada pelo Marítimo e pelo CAB. Em qualquer um dos três casos, o ano que acabou foi particularmente difícil; para quem, como eu, acompanha de perto a vida destas três instituições, pior ainda: o Marítimo e o CAB desceram de divisão e o PS Madeira andou para trás. Agora, o que lá vai, lá vai - e com o novo ano vem, também, uma esperança renovada de que o que agora se inicia seja muito melhor do que aquele que terminou.
Este ano de 2024 será o ano da militância - não apenas na vida política e partidária, mas na vida colectiva em geral. Militância no seu mais amplo significado, sinónimo de activismo, dedicação a uma causa, de trabalho colectivo em prol de um objectivo comum e defesa de um amanhã melhor para todos.
Neste novo ano, os adeptos do Marítimo terão de ser militantemente resistentes, perante a realidade incerta de um clube que já mudou quase tudo, várias vezes, mas continua incapaz de se afirmar onde mais interessa à grande maioria dos sócios maritimistas: dentro de campo. O início deste ano voltou a comprovar que falta quase tudo à nossa equipa sénior de futebol masculino: qualidade, consistência, discernimento - dentro e fora de campo. Há amadorismos intoleráveis e inaceitáveis que teimam em perpetuar-se, independentemente dos protagonistas, e com os quais importa urgentemente acabar - de uma vez por todas, custe o que custar, sem hesitações, ou contemplações. Exige-se capacidade de decidir, bem e depressa, a quem agora nos lidera.
Os sócios do CAB terão de ser militantemente persistentes, num cenário em que a escassez de recursos financeiros, decretada por quem há muito desistiu de uma estratégia de futuro para a política desportiva regional, condiciona decisivamente as reais possibilidades de sucesso desportivo, como outrora aconteceu. Militantemente persistentes - e criativos, como tem sido quem lidera o clube, para encontrar soluções que respondam a dificuldades e problemas sucessivos e inesperados.
Os dirigentes, militantes, simpatizantes e eleitores do PS Madeira terão de ser militantemente optimistas para enfrentarem um ano político repleto de desafios difíceis. Os primeiros, de natureza interna: se no PS nacional o Congresso deste fim-de-semana serviu para confirmar a força e o carisma do seu novo líder, Pedro Nuno Santos, e a união que se construiu após a disputa eleitoral interna, graças à integração de todas as sensibilidades políticas nos órgãos nacionais do partido, no PS Madeira a expectativa mantém-se em torno do que acontecerá no Congresso Regional do próximo fim-de-semana. Os apelos públicos e as alternativas de caminho estão todas lançadas. Agora, o tempo é de quem lidera decidir que caminho pretende tomar. Depois virão os desafios externos: a apresentação das pessoas e das ideias candidatas às eleições para a Assembleia da República, em Março; as eleições europeias, em Junho; e, por fim, o início da preparação das eleições autárquicas do próximo ano. Militantemente optimistas para que não se repitam os erros do passado: os afastamentos sumários, os afunilamentos sistemáticos, a degradação identitária progressiva. Militantemente optimistas em torno de um tempo que seja verdadeiramente novo e que abrace sempre as melhores soluções, com espírito crítico e sem receios de assombrações. Um ano novo e um partido novo, para uma Região e um País novo, em permanente construção.
Os madeirenses terão de ser militantemente crentes, para, ao fim de 48 anos de governação dos mesmos, suportarem a narrativa de que os problemas da Região são culpa e responsabilidade do Governo central e que o Governo Regional, agora sim e contra todos, tudo resolverá. A Madeira chega a Janeiro sem Orçamento, com um Governo velho sem ideias novas e, receio bem, sem qualquer vislumbre de iniciativa política capaz de resolver problemas antigos: uma saúde debilitada, um mercado de habitação hiper-inflaccionado e uma economia baseada em salários precários.
Os portugueses em geral terão de ser militantemente sonhadores, para que o ano em que assinalamos 50 desde a Revolução do 25 de Abril seja também o ano da renovação das grandes causas comuns: a Liberdade; a Democracia; a Solidariedade que o Estado Social garante - na Educação, na Saúde, nas prestações sociais que protegem os mais desfavorecidos e no combate às desigualdades. Militantes da ideia de um Futuro melhor, nunca do regresso ao passado invocado pelos fascistas do Chega, ou pelos saudosos da Aliança Democrática do antigamente.
2024 será, outra vez, um ano de luta - e estaremos, como sempre, presentes, confiantes de que os resultados finais serão melhores, muito melhores, do que os de 2023. Vamos a isso!