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Fact Check Madeira

Há cada vez menos empregados e indisponíveis registados no Instituto do Emprego?

Foto Shutterstock
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Normalmente, na análise às estatísticas do desemprego registado mensalmente, são analisados os dados das pessoas sem trabalho efectivo. Contudo, há três outros indicadores que escapam a esse olhar mais atento. São eles os dos empregados (registados à procura de novo emprego), os dos ocupados (em programas de formação) e os indisponíveis temporariamente (que podem ou não estar empregadas, mas não estão aptas ao trabalho por questões de saúde).

Ora, no último mês conhecido desta informação – disponibilizada pelo Instituto de IEM - Emprego da Madeira (organismo regional) e pelo IEFP - Instituto de Emprego e Formação Profissional (organismo nacional) – estavam registados no IEM, por estarem desempregados, um total de 7.558 pessoas. Contudo, nos registos do IEFP, mensalmente, é feito um relatório incluindo as pessoas que, não estando desempregadas, têm a sua inscrição contabilizada. Assim, em Novembro de 2023, além dos já referidos desempregados, os pedidos de emprego englobavam mais 2.271 pessoas ocupadas, 530 pessoas indisponíveis temporariamente e 262 pessoas empregadas.

Num altura em que, aparentemente, é fácil encontrar trabalho na Madeira, e isso é notório nas queixas do patronato de que não consegue trabalhadores suficientes para suprir as necessidades, sobretudo nas áreas da Hotelaria e Restauração, mas também no Comércio e na Construção, olhamos à evolução dos pedidos de emprego com o dos desempregados registados, ficamos com a certeza que andam de braço dado.

Ou seja os outros três grupos, menores sozinhos, mas que juntos representam quase 29% dos pedidos no referido mês. No mês anterior, essa percentagem era muito similar, quase 30%, mas em queda. E mesmo em Setembro, representavam 30,3%. Já em Janeiro do ano passado, eram apenas 25,4% do total de pedidos.

Fica-se com a ideia que à medida que há menos desempregados, os números actualmente mais estáveis dos outros três factores que compõem os pedidos de desemprego, têm maior peso. Em Novembro de 2020, ainda sob o peso da pandemia, representavam 14,5%, numa altura em que havia mais do dobro dos desempregados do que agora (19.749 contra os actuais 7.558), mas havia poucas centenas a mais de empregados, ocupados e indisponíveis (3.341 contra os actuais 3.063).

Olhando ao pormenor o grupo maior, os Ocupados, que são “trabalhadores integrados em programas especiais de emprego ou formação profissional, com excepção dos programas que visem a integração direta no mercado de trabalho”, define o IEFP, houve um salto algures em 2013, quando por exemplo passaram de poucas centenas em Fevereiro de 2013 (mês com recorde actual de desempregados registados, 24.976), para milhares (2.428) em Novembro desse ano, quando o desemprego já estava em quebra (22.800).

A maior aposta do Governo Regional em programas de formação, aproveitando fundos comunitários disponíveis, mas até então pouco aproveitados, resultou num novo paradigma que nunca mais cessou, pois volvidos 10 anos, a média de pessoas em formação continua sempre bem acima das 2.200.

Já os Empregados, que são pessoas que “têm um emprego que pretendem mudar”, acompanha muito de perto a tendência do desemprego, pois se uma ocorre quando há crises, também a satisfação ou insatisfação das pessoas com o seu trabalho também diminui ou cresce à medida da melhoria ou degradação da economia. Depois de atingir valores bem acima das 3.500 nos finais de 2012, manteve-se bastante alto até 2017, quando começou a baixar à medida que o desemprego baixava porque a economia estava a melhorar.

Actualmente, as pessoas insatisfeitas com o seu actual emprego e que estão a pedir um novo emprego, está quase ao nível de 2004. Há 20 anos, a Madeira atingira um período de pouca carência de trabalho – o peso dos três tipos de pedidos face ao total de pedidos era de 11% -, consubstanciada num forte impacto da Construção Civl e das obras públicas.

Voltando um pouco aos Ocupados, em Novembro de 2004, havia apenas 279 pessoas em formação, enquanto os empregados à procura de trabalho novo eram 231. Hoje, o número de pessoas empregadas que querem mudar de trabalho são 262, enquanto os ocupados são mais 8,5 vezes em número.

Por fim, os indisponíveis temporariamente, que são “desempregados ou empregados que não reúnem condições imediatas para o trabalho por motivos de saúde”, curiosamentre atingiram o número mais baixo em 2020 (em Novembro desse ano eram apenas 253), atingindo o número mais alto em 2018 (em Novembro desse ano eram 765), denotando-se um crescimento sustentado ao longo dos últimos 20 anos, tendo vindo a diminuir ligeiramente após o referido pico há cinco anos. E nem na pandemia, no período mais crítico, foram registados picos que alterassem essa realidade.

O número de pessoas já empregadas mas registadas no Instituto de Emprego já foi bastante alto, mas agora está a níveis historicamente baixos. Já o de pessoas indisponíveis temporariamente tem-se mantido estável, abaixo de mil, mas tem crescido gradualmente.