Coreia do Norte faz disparos de artilharia pelo terceiro dia consecutivo
A Coreia do Norte retomou hoje exercícios de artilharia com munições reais na costa ocidental, perto da fronteira marítima com a Coreia do Sul, informou a agência noticiosa sul-coreana Yonhap.
As autoridades das ilhas sul-coreanas isoladas no Mar Amarelo, perto da costa norte-coreana, disseram à agência francesa AFP que tinham enviado mensagens para os telemóveis dos residentes, pedindo-lhes que ficassem em casa.
"Estão a ser ouvidos disparos de canhão norte-coreanos", alertaram as autoridades nas mensagens.
Trata-se do terceiro dia consecutivo de disparos deste tipo por parte da Coreia do Norte.
"As tropas norte-coreanas têm estado a disparar a partir da parte norte da ilha de Yeonpyeong desde cerca das 16:00 [07:00 em Lisboa]", disse uma fonte militar à Yonhap.
A mesma fonte afirmou que "nenhum projétil de artilharia norte-coreano caiu a sul da Linha Limite Norte [NLL, na sigla em inglês] no Mar Ocidental".
Uma zona-tampão marítima nas áreas NLL dos mares Ocidental e Oriental foi criada para evitar conflitos comerciais marítimos, em conformidade com o Acordo Militar Intercoreano de 19 de setembro, assinado em 2018.
A fonte militar disse ainda à Yonhap que não se registaram quaisquer danos do lado sul-coreano e que não estava prevista "qualquer resposta de fogo" das forças armadas da Coreia do Sul.
De acordo com o Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, os militares norte-coreanos dispararam mais de 200 projéteis, principalmente de artilharia costeira, na manhã de sexta-feira.
Seul disse que as forças norte-coreanas dispararam no sábado cerca de 60 projéteis, alguns dos quais caíram na zona-tampão marítima a norte do NLL no Mar Ocidental.
A irmã do líder norte-coreano, Kim Jong-un, negou hoje que a Coreia do Norte tenha disparado os 60 projéteis, afirmando ter-se tratado de um engodo para testar a reação do sul.
"O nosso exército não disparou um único projétil para a água", disse Kim Yo-jong num comunicado divulgado pela agência noticiosa oficial norte-coreana KCNA.
Kim Yo-jong explicou que os soldados norte-coreanos quiseram observar a reação das forças sul-coreanas, detonando 60 cargas explosivas que simulavam o som de um canhão.
"O resultado foi exatamente o que esperávamos. Confundiram o som dos explosivos com o de um tiro de canhão, presumiram que se tratava de uma provocação de artilharia e inventaram uma mentira sem vergonha", afirmou.
"No futuro, até confundirão o estrondo de um trovão no céu do norte com fogo de artilharia do nosso exército", acrescentou, citada pela agência francesa AFP.
A Península da Coreia, no nordeste da Ásia, está dividida entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul desde a guerra que as duas partes travaram entre 1950 e 1953.
Pyongyang e Seul continuam tecnicamente em guerra, dado que nunca assinaram um acordo de paz, embora um armistício tenha permitido cessar os combates e criar uma zona desmilitarizada no paralelo 38 norte, que divide as duas Coreias.