Vinte anos de prisão para militares que queimaram jovens durante a ditadura chilena
Os dez militares chilenos, entretanto aposentados, acusados de homicídio agravado e homicídio na forma tentada de dois jovens, em 1986, durante a ditadura de Augusto Pinochet, foram ontem condenados a 20 anos de prisão, informaram agências internacionais de notícias.
A segunda Câmara Penal do Supremo Tribunal rejeitou todos os recursos interpostos pelos advogados dos arguidos e condenou os militares Julio Castañer González, Iván Figueroa Canobra, Nelson Medina Gálvez e Pedro Fernández Dittus a 20 anos de prisão pelo homicídio de Rodrigo Rojas Denegri e pela tentativa de homicídio de Carmen Gloria Quintana.
O mais alto tribunal chileno decidiu reduzir as penas dos militares, alegando a sua "conduta anterior irrepreensível".
As vítimas foram detidas por uma patrulha militar, em 02 de julho de 1986, durante uma jornada de protesto contra a ditadura militar de Augusto Pinochet (1973-1990), tendo sido posteriormente espancadas, encharcadas com gasolina e queimadas vivas.
Os arguidos atiraram as vítimas para uma vala ao longo de uma estrada rural nos arredores de Santiago, na comuna de Quilicura.
Rojas de Negri morreu horas depois do ataque, mas Quintana, de apenas 17 anos, conseguiu salvar-se apesar das queimaduras e ferimentos graves.
O "Caso Queimados", como ficou conhecido, é um dos casos mais emblemáticos da história chilena, tendo suscitado, tanto no país, como no estrangeiro, sobretudo nos Estados Unidos, onde vivia o fotógrafo assassinado, protestos contra a ditadura de Pinochet.
A ditadura chilena durou 17 anos e deixou mais de 40.000 vítimas, entre executados, detidos desaparecidos, presos políticos e torturados, segundo dados da comissão oficial que compilou os testemunhos de vítimas e familiares.
Mais de 3.200 chilenos morreram nas mãos de agentes do Estado.