Rússia reivindica abate de misseis ucranianos que visavam a Crimeia
A Rússia reivindicou hoje o abate de quatro mísseis ucranianos que visavam a Crimeia anexada, num contexto de aumento de ataques mortais de ambos os lados desde o final de dezembro.
"A defesa antiaérea intercetou e destruiu quatro mísseis ucranianos sobre a península da Crimeia", declarou o Ministério da Defesa russo.
Por seu lado, Kiev afirmou ter atingido a base aérea de Saki, no oeste da península.
"Aeródromo de Saki! Todos os alvos foram atingidos", declarou o comandante da força aérea ucraniana, Mykola Olechtchouk, nas redes sociais.
A Rússia já tinha afirmado, na quinta-feira, ter repelido um ataque de dez mísseis ucranianos que visavam a Crimeia, uma zona importante para a logística das forças russas que ocupam parte do sul da Ucrânia.
Os destroços deste ataque feriram uma pessoa.
As autoridades russas de ocupação na região oriental de Donetsk afirmaram que os bombardeamentos ucranianos mataram hoje duas pessoas, um dia antes de Moscovo celebrar o Natal ortodoxo.
"Duas pessoas foram mortas em Makiïvka e Horlivka", duas cidades industriais no leste da Ucrânia controlado por Moscovo, disse o chefe da região de Donetsk, Denis Pushilin, a rede social Telegram.
Os ataques têm vindo a aumentar de ambos os lados nos últimos dias, com o conflito a entrar no segundo ano no próximo dia 24 de fevereiro.
A Rússia bombardeou maciçamente cidades ucranianas por duas vezes desde o final de dezembro: na sexta-feira, 29 de dezembro (55 mortos) e na terça-feira (seis mortos).
Por seu lado, a Ucrânia atacou repetidamente a cidade russa de Belgorod, a 50 quilómetros da fronteira, incluindo um ataque sem precedentes no sábado, 30 de dezembro, que causou 25 mortos.
A Rússia anunciou hoje que iria cancelar as missas ortodoxas de Natal à meia-noite na cidade de Belgorod.
Entretanto, a Ucrânia está a verificar se a Rússia utilizou mísseis balísticos norte-coreanos em ataques recentes, disse hoje o representante do Departamento Principal de Informações do Ministério da Defesa (GUR), Andri Yusov.
"Esta informação está a ser verificada", disse à Rádio NV.
Yusov recordou que a Rússia tinha efetivamente solicitado mísseis balísticos à Coreia do Norte e ao Irão.
"Mas, para uma confirmação final, é necessário que haja informações absolutamente precisas. Quando tudo estiver devidamente verificado, será tornado público", disse o representante do GUR.
Até à data, a cooperação em matéria de defesa entre a Rússia e a Coreia do Norte tem-se centrado principalmente na artilharia e nas munições, assim como em artigos relacionados com veículos blindados, afirmou.
Os EUA afirmaram na quinta-feira que a Rússia utilizou mísseis balísticos norte-coreanos em alguns dos seus últimos ataques à Ucrânia e que está também a negociar com o Irão a compra de mísseis balísticos de curto alcance.
De acordo com o porta-voz da Casa Branca, John Kirby, a Rússia disparou pelo menos um desses mísseis balísticos contra a Ucrânia em 30 de dezembro de 2023 e também lançou "múltiplos" mísseis balísticos norte-coreanos no passado dia 02, no âmbito de outro ataque a infraestruturas ucranianas.
De acordo com o embaixador da Ucrânia na ONU, Sergei Kislitsia, foi convocada uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para 10 de janeiro para discutir o fornecimento de mísseis balísticos à Rússia por parte da Coreia do Norte.