Região russa de Belgorod propõe retirada de residentes face a bombardeamentos
As autoridades da região russa de Belgrorod, na fronteira com a Ucrânia e alvo de intensos bombardeamentos ucranianos, ofereceram hoje aos habitantes a possibilidade de se retirarem e recomendou que protejam as suas janelas.
Esta região e a sua capital de 300 mil habitantes têm sido alvo quase diariamente de fogo ucraniano desde o final de dezembro. Um ataque de escala sem precedentes deixou 25 mortos e mais de uma centena de feridos no sábado.
"A partir de hoje, estamos prontos para transportá-lo para Stary Oskol e Gubkin (localidades mais distantes da fronteira), onde estará em condições muito confortáveis, em quartos aconchegantes e seguros", propôs aos residentes através da rede Telegram o governador regional.
Vyacheslav Gladkov descreveu a situação na cidade como difícil: "Desde esta manhã, estou nas ruas que foram danificadas durante a noite como resultado do bombardeamento de áreas residenciais pacíficas em Belgorod".
O Kremlin, desde que lançou a sua ofensiva contra a Ucrânia em fevereiro de 2022, garantiu sempre que o conflito não afetaria a vida quotidiana e a segurança dos russos.
No entanto, face ao recomeço dos bombardeamentos massivos de cidades ucranianas por parte das forças de Moscovo, a Ucrânia intensificou os ataques em território russo, visando em particular Belgorod, onde as autoridades já decidiram esta semana adiar o início do ano letivo de 09 para 19 de janeiro.
"As equipas de resgate do Ministério de Situações de Emergência recomendam tapar as janelas com fita adesiva. Esta é uma boa forma de se proteger da onda [de choque] da explosão: o vidro não se quebra em pequenos cacos", aconselhou Gladkov.
O texto vem acompanhado de uma infografia que mostra três métodos de colocação de fita adesiva nas janelas para que as peças fiquem unidas em caso de explosão.
Cacos de vidro lançados em caso de explosão podem ferir e matar. Na Ucrânia, os civis foram aconselhados a proteger as suas janelas desde o início da ofensiva russa.
O governador da região de Belgorod também divulgou hoje fotos dos danos observados nos ataques da última noite, mostrando muitas janelas quebradas numa torre residencial, carros capotados, carbonizados ou estilhaçados.
A Rússia e a Ucrânia têm estado envolvidas numa escalada de bombardeamentos desde o final de dezembro.
Em 29 de dezembro, a Rússia realizou ataques massivos em várias cidades ucranianas que deixaram 55 mortos. No dia seguinte, bombardeamentos das forças de Kiev provocaram 25 mortos em Belgorod.
Moscovo respondeu com cerca de cem mísseis em 02 de janeiro, matando seis pessoas, enquanto a Ucrânia lançou uma grande quantidade de dispositivos na direção de Belgorod e da Crimeia anexada.
A guerra na Ucrânia, lançada pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022 e justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança do seu país, já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, mas não conheceu avanços significativos nos últimos meses, mantendo-se os dois beligerantes irredutíveis nas suas posições territoriais e sem abertura para cedências negociais.