Custos na agricultura na Madeira subiram mais do que a produção em 2022
Apesar de aumentos significativos, o valor dos consumos intermédios (ou seja custos de produção) resultaram em quebra de 9,5% do valor acrescentado bruto do sector
Resumidamente, em 2022, o consumo intermédio no sector primário (agricultura e pecuária em específico) na Região Autónoma da Madeira "cresceu mais do que a produção", provocando assim "uma queda de 9,5% no respetivo Valor Acrescentado Bruto (VAB)", escreve hoje a Direção Regional de Estatística nas últimas Contas Económicas da Agricultura Regionais (CEAREG), ainda provisórias, disponibilizadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). No ano em causa, "a produção do ramo agrícola na Região Autónoma da Madeira (RAM) fixou-se em 122,1 milhões de euros, crescendo 18,7% em termos nominais face ao ano precedente", valores bastante positivos.
Explica a DREM que "do total da produção agrícola regional de 2022, 81,0% foi proveniente da componente vegetal e 13,8% da animal, sendo que as restantes parcelas derivaram de serviços agrícolas e atividades secundárias não agrícolas. A nível nacional, o peso da produção vegetal foi bastante inferior (58,7%), embora se tenha revelado também mais preponderante que a parte animal (35,3%)", compara.
Já na desagregação da "componente da produção vegetal (cujo total foi de 98,9 milhões de euros) para a RAM, constata-se que as parcelas mais representativas foram os hortícolas frescos (32,4 milhões de euros; +34,0% que em 2021) e os frutos subtropicais (19,0 milhões de euros; -0,4% face a 2021)", registando assim um crescimento significativo e uma quebra pouco significativa, respectivamente.
Já "a principal fatia da produção animal, cujo total foi de 16,8 milhões de euros (+26,9% que em 2021), derivou da avicultura (aves de capoeira e produção de ovos), que foram responsáveis por 64,7% daquele total", acrescenta.
Voltando à temática inicial, estando a atividade agrícola "inerente a utilização de uma série de bens e serviços, que constituem os consumos intermédios. Esta variável rondou os 74,1 milhões de euros em 2022, traduzindo um aumento de 48,7% relativamente ao ano anterior. No conjunto das suas componentes, é de destacar o crescimento do valor dos alimentos para animais em 61,1% entre 2021 e 2022", explica a DREM.
Assim, "a diferença entre produção agrícola e consumo intermédio", que "constitui o chamado Valor Acrescentado Bruto (VAB) agrícola", em 2022, "e devido ao facto de o valor do consumo intermédio ter crescido acima da produção", resultou em que o VAB agrícola tenha diminuído em quase dois dígitos (-9,5%) em termos nominais entre 2021 e 2022, fixando-se em 48,0 milhões de euros", refere.
"Por fim, a Formação Bruta de Capital Fixo, uma das parcelas do Investimento, ascendeu aos 5,6 milhões de euros, +12,4% que em 2021", salienta, o que significa um reforço da aposta neste sector crucial para diminuir a dependência externa da Madeira em relação à importação de produtos agrícolas, onde ainda é bastante deficitária.