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Pedro Nuno à procura da unidade interna para ter partido mobilizado nas eleições

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Foto Carlos Carneiro / Global Imagens

O novo secretário-geral do PS procura no congresso, entre sexta-feira e domingo, construir uma solução de unidade interna que lhe permita ter um partido mobilizado nos dois meses que antecedem as eleições legislativas de 10 de março.

Pedro Nuno Santos chega ao 24º Congresso Nacional do PS, na Feira Internacional de Lisboa (FIL), depois de ter vencido as eleições diretas internas, de 15 e 16 de dezembro, com 61% dos votos, contra 37% do ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, e 1% do dirigente socialista Daniel Adrião. Chega também ao congresso com quase 70% dos cerca de 1.400 delegados eleitos.

Mas, para a equipa do recém-eleito líder, os chamados "pedro nunistas", agora, a missão não é impor o peso da maioria. Pelo contrário, importa ultrapassar divergências políticas e integrar apoiantes da candidatura de José Luís Carneiro, que teve ao seu lado figuras destacadas do PS como o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, o ministro das Finanças, Fernando Medina, o líder parlamentar, Eurico Brilhante Dias, ou o antigo ministro José António Vieira da Silva.

O primeiro dos dois discursos de fundo que o novo secretário-geral do PS fará no congresso, no sábado, será precisamente sobre o PS e a importância da unidade interna a pouco mais de dois meses das eleições legislativas.

Na sexta-feira passada, Pedro Nuno Santos fechou um acordo com José Luís Carneiro para a apresentação de listas conjuntas para a Comissão Nacional, o órgão máximo entre congressos, e também para a Comissão Política, o órgão partidário de direção alargada.

Nestas listas, que serão votadas na manhã de domingo, a candidatura do ministro da Administração Interna terá 35% do total de lugares, sendo que obteve apenas 31% dos delegados que estarão presentes com direito a voto no congresso da FIL.

Além de posições nos futuros órgãos nacionais deste partido, José Luís Carneiro também chegou a um acordo com o novo secretário-geral para a integração de elementos do seu lado na equipa que vai elaborar o programa eleitoral do PS para as legislativas de 10 de março. Nessa equipa, que pelo lado de Pedro Nuno Santos será coordenada pela ex-ministra Alexandra Leitão, José Luís Carneiro vai colocar pela sua parte o secretário de Estado da Presidência, André Moz Caldas. O objetivo é que algumas das ideias da moção minoritária passem para o programa eleitoral do partido e, se o PS vencer as legislativas, para o Programa de Governo.

Nos últimos dias, o esforço de unidade da equipa de Pedro Nuno Santos também se tem estendido a destacados membros do Governo que não apoiaram nenhuma das candidaturas na corrida à liderança do PS, casos das ministras Ana Catarina Mendes e Mariana Vieira da Silva, e do secretário de Estado António Mendes, que muito provavelmente serão convidados a integrar a futura Comissão Política.

Já em relação à candidatura de Daniel Adrião, que teve apenas 1% nas eleições para secretário-geral, a ideia da futura equipa dirigente é "não deixar pontas soltas". Ou seja, evitar que Daniel Adrião possa voltar a apresentar listas alternativas para os órgãos nacionais, recolhendo apoios de última hora entre delegados descontentes no final do congresso.

A disputa travada entre Pedro Nuno Santos e José Luís Carneiro, desde meados de novembro, até 16 de dezembro, esteve longe de atingir os elevados níveis de confronto que caracterizaram as lutas pela liderança entre António Costa e António José Seguro em 2014, entre António Guterres e Jorge Sampaio em 1992 e entre Mário Soares e o grupo do ex-Secretariado de Salgado Zenha em 1981.

Logo na noite eleitoral em que Pedro Nuno Santos saiu vitorioso, José Luís Carneiro abriu a porta a uma colaboração com a nova direção.

"Cabe à nova liderança do partido assegurar a unidade e a pluralidade. Estaremos sempre atentos e disponíveis para colaborar no reforço do PS como o grande partido da democracia portuguesa", disse.

Pouco depois, o novo secretário-geral afirmou que contava com o ministro da Administração Interna ao seu lado na campanha.

"No PS, fazemos confrontos internos, mas depois ficamos unidos. Somos um partido inteiro. O PS sempre teve essa capacidade de se unir. José Luís Carneiro não é um militante qualquer. Candidatou-se a secretário-geral do PS", declarou.