Kiev abre 9.000 processos-crime por evasão ao recrutamento
A Ucrânia abriu 9.000 processos-crime por evasão à mobilização que vigora para enfrentar a invasão russa, anunciou hoje o ministro do Interior, Igor Klimenko.
No mesmo dia em que o Parlamento começa a estudar um projeto de lei que reduz a idade para o recrutamento e pune aqueles que procuram fugir às suas responsabilidades, Klimenko revelou que, até hoje, a Polícia Nacional abriu cerca de 9.000 processos-crime por evasão militar, dos quais 2.600 foram encaminhados para tribunal.
O ministro forneceu estes números quando a Comissão de Segurança e Defesa do Parlamento da Ucrânia começa a discutir o projeto de lei apresentado pelo Governo em 25 de dezembro para melhorar aspetos da mobilização, registo e serviço militar no país.
O comandante-em-chefe das Forças Armadas da Ucrânia, Valery Zaluzhny, o chefe do Estado-Maior General, Sergey Shaptala, e o ministro da Defesa, Rustem Umerov, deslocaram-se ao Parlamento para explicar o conteúdo das medidas propostas.
O Governo propõe uma série de restrições aos cidadãos que não cumpram as suas obrigações de formação e mobilização, aumentando as multas para os infratores das regras de registo militar e da legislação na área da Defesa.
Um deputado da Comissão de Política de Informação já avisou que o projeto de lei não será votado da forma como o Governo o propôs, enquanto o Provedor de Justiça, Dmitro Lubinets, alertou que, na sua versão atual, algumas alterações podem mesmo violar a Constituição.
O Governo da Ucrânia quer melhorar a mobilização militar depois de o comando militar ter proposto o alistamento de até 500.000 soldados adicionais.
O Governo prevê baixar a idade de recrutamento de 27 para 25 anos e introduzir formação militar básica para todos os cidadãos entre os 18 e os 25 anos por um período máximo de três meses, bem como endurecer a punição para quem violar a legislação.
Apesar da proibição de saída do país a todos os homens em idade militar, com certas exceções, só na Alemanha, que acolheu cerca de um milhão de refugiados ucranianos, residem atualmente cerca de 190.000 homens ucranianos com idades entre os 18 e os 60 anos.
Para evitar que fujam às suas obrigações com o Exército, o Estado propõe proibir os homens deste segmento da população de viajarem para o estrangeiro, restringindo os seus direitos de conduzir veículos e de obter carta de condução, vetar a obtenção de créditos bancários ou suspender benefícios e serviços estatais, entre outras medidas.
Segundo o projeto de lei, os homens em idade de serviço nas Forças Armadas que se encontrem no estrangeiro só poderão receber o passaporte após apresentarem documentos que comprovem a sua inscrição no registo militar.