Irão quer Conselho de Segurança a condenar ataque que matou 95
O Irão enviou uma carta ao Conselho de Segurança da ONU a pedir a condenação "imediata e inequívoca" à dupla explosão que matou 95 pessoas perto do túmulo do general iraniano Qassem Soleimani.
Teerão "condena estes atos hediondos de terrorismo e não poupará esforços para conseguir justiça para as vítimas deste incidente", referiu o documento, assinado pelo representante do Irão junto da ONU.
Na carta, citada pela agência de notícias iraniana Mehr, Amir Saed Iravani apelou ao Conselho de Segurança das Nações Unidas para que condene "de forma imediata e inequívoca este terrível ataque terrorista".
Iravani garantiu também a "firmeza" do Irão no seu "compromisso inabalável em liderar a luta contra o terrorismo", acrescentando que o país tem sido "uma das principais vítimas" do fenómeno.
A carta foi enviada também ao secretário-geral da ONU, António Guterres.
O português condenou na quarta-feira, "de forma veemente", a dupla explosão que deixou 95 mortos e mais de 210 feridos na província de Kerman, no sul do Irão, perto do túmulo de Qassem Soleimani, quatro anos depois da morte deste general iraniano.
"O secretário-geral apela para que os responsáveis sejam levados" à justiça, disse a porta-voz adjunta do líder da ONU, Florencia Soto Nino, num comunicado.
Um número anterior de 103 mortos foi revisto em baixa, depois das autoridades se terem apercebido que alguns nomes tinham sido repetidos numa lista de vítimas, adiantou o ministro da Saúde do Irão, Bahram Einollahi, em declarações à televisão estatal.
Muitos dos feridos estão em estado crítico e o número de mortos pode, no entanto, ainda aumentar.
As explosões ocorreram com poucos minutos de intervalo e abalaram a cidade de Kerman, a cerca de 820 quilómetros a sudeste da capital, Teerão.
A segunda explosão lançou estilhaços contra uma multidão que gritava e fugia da primeira explosão.
Os ataques aconteceram perto da mesquita Saheb al-Zaman, onde se encontra o túmulo do Soleimani, considerado um mártir e morto num atentado ordenado pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump.
Uma multidão compacta de representantes do regime e de pessoas anónimas tinha-se reunido no local para uma cerimónia comemorativa, segundo a agência francesa AFP.
Na quarta-feira, Mohammad Jamshidi, um conselheiro político do presidente iraniano, acusou Israel e os EUA de estarem por trás dos dois atentados.
Nenhum país ou organização reivindicou até ao momento a autoria das explosões.
Este ataque no Irão foi o mais mortífero desde a Revolução Islâmica, de 1979.
O Irão tem sido alvo de ataques, com sabotagens e mortes, cuja autoria tem atribuído a Israel. Contudo, entre estes ataques nunca estiveram explosões dirigidas a aglomerados de pessoas, como o de hoje.
Grupos fundamentalistas sunitas, incluindo o Estado Islâmico, já realizaram ataques em larga escala, que causaram a morte a civis, no Irão, de maioria xiita.