Centenas de jornalistas croatas manifestam-se contra lei sobre fontes
Várias centenas de jornalistas croatas manifestaram-se hoje em Zagreb e Split contra um projeto de lei sobre denunciantes que, segundo defendem, corre o risco de reduzir as suas fontes ao silêncio.
Segundo o texto atualmente em apreciação no parlamento da Croácia, quem "divulgar o conteúdo de um processo de investigação ou de recolha de provas, com o objetivo de o tornar público" pode ser punido com uma pena de até três anos de prisão.
"Esta é uma agressão estatal contra o interesse geral", disse Hrvoje Zovko, presidente da Associação de Jornalistas Croatas (HND), durante uma marcha em Zagreb, na qual se podiam ver cartazes com várias frases de ordem escritas como "Sem fontes, sem problemas políticos".
Os jornalistas croatas argumentam que a futura lei, caso aprovada, teria o efeito imediato de silenciar as fontes e iria tornar quase impossível fazer investigações sobre corrupção.
O Governo garante que o projeto de lei não se destina a jornalistas, mas sim a juízes, procuradores, agentes da polícia, advogados e testemunhas.
O primeiro-ministro croata, Andrej Plenkovic, conservador, argumentou que a futura lei visa limitar "a fuga de informações" durante a investigação e de "proteger a presunção de inocência".
Para tranquilizar o setor dos 'media', o Governo da Croácia anunciou que qualquer pessoa que publicasse informações de "interesse principalmente público" não seria punida.
Para o presidente da Associação dos Jornalistas croatas, esta garantia do executivo é um "truque político".
Para o reconhecido jornalista croata de investigação Drago Hedl, o diploma em apreciação no parlamento significa "a morte do jornalismo livre".
O Presidente da Croácia, Zoran Milanovic, das fileiras da oposição social-democrata, já declarou que perdoará qualquer pessoa condenada ao abrigo desta lei caso se confirme a sua aprovação.
"Os jornalistas não serão acusados, mas sim intimidados e assediados", alertou o chefe de Estado croata em meados deste mês num comunicado de imprensa, em que se comprometeu a perdoar todos os condenados por tal crime.