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O ataque à Região, acima de tudo um ataque à democracia e nas contas do povo

Ando aqui na minha azáfama, e ao mesmo tempo angustiado. Angustiado porque de facto vejo o nome da minha região nas parangonas dos jornais, nacionais e não só. E desta vez não são por prémios, ou festas sociais, ou sequer pela poncha. Não. Não é por essa razão que nos honram, gostemos ou não.

De facto ver a cúpula do partido, e pior, a cúpula da governação regional, envolvida em processo obscuros assusta-me.

Assusta-me e não é de agora. No verão passado escrevi um longo texto, onde critiquei a mediatização da justiça e a promiscuidade da justiça no meio social. O MP para mim hoje não é de facto o baluarte do Estado de Direito, antes é de verdade o 4.º Poder, melhor e refletindo um verdadeiro contrapoder. É essa crítica que desde há muito o faço. Faço porque enquanto advogado não sou em sede de um processo penal no mesmo plano que o MP, pois numa sala de audiências não estou a par do MP, sendo ambos parte teórica do processo em igualdade de circunstâncias, mas antes sento-me no plano inferior. Esse MP goza no plano da praxis da mesma altura do Juiz. Essa posição é totalmente Errada! Resquícios do não sei do quê. Ao ver que mais uma vez processos nascidos na Madeira a serem levados para a capital Lisboa, processos onde arguidos detidos passados que são os prazos de apresentação ainda não foram ouvidos é de facto um mau serviço à justiça, e deixa transparecer sentimentos vários. Uma parte de mim sente ser uma cabala, contra o poder regional, uma cabala pois ninguém entende como comprar uma casa com crédito será crime. Onde um empresário da noite que tem valores no seu cofre é crime, e de narrativas descontextualizadas levadas de suspeição em suspeição. Por outro lado, vergonha! Vergonha, porque a classe política se dá ao desplante de afastar a presunção legal de inocência, a todo aquele que sobre cai uma suspeita. Se fizermos um apanhado quantos presidentes de câmara, institutos públicos e outros servidores públicos são arguidos ou suspeitos, penso que mais de metade já não estariam em funções. António Costa em novembro fez de facto criar uma responsabilidade política sobre os políticos de enorme craveira. Gostemos ou não, foi ele que se afastou (a bem da verdade apoiou-se num parágrafo nojento, e daí mais tarde retirará vantagens, certamente). Ainda tenho outro sentimento, o de incapacidade de qualificar os que me governam. Sei que merecem a minha TOTAL simpatia, a minha total solidariedade. Mas caramba são tantas as notícias que as vezes penso que a soberba se instalou e não vêm o óbvio. Darei sempre o benefício da dúvida a todos aqueles que devam ser chamados a explicar e tenham o direito de se explicarem e defenderem. Contudo afirmo, que enquanto pessoas serão sempre pessoas que respeito e sou solidário. Enquanto servidores da causa pública, havendo condenação, ainda que não legal, mas de ética reprovável, terão de mim uma crítica honesta e diferenciada contra essas situações, com as quais não posso pactuar. Assim devem penso eu, em consciência afastar-se. E não falo daqueles que aparecem somente nas capas. Devem se afastar aqueles que todos falam e sabem estarem lá, mas ninguém quer falar. Os caciques, os Améns, os supostos estrategas e conhecedores do melhor para o bem comum. Na verdade, os Agarrados.

Portugal está a ser tomado por críticas demagógicas, com crescentes sentimentos de nacionalismos extremos e de fácil discurso. Corrupção está na moda! Afinal dizem “O poder corrompe, mas a falta de poder corrompe absolutamente.” Adlai E. Stevenson.

Andam todos tolos, querendo nos despojos desta desgraça ainda sobreviver. Está na hora de entenderem que devem a bem de todos, afastar-se, sair e deixar refundar. Os próximos tempos não serão tempos de falinhas mansas, de gritos sem lógica, de discursos pré-programados. Serão combates com elevação, cultura democrática, honestidade intelectual.

O MP deve ser independente e não ter uma agenda política que neste momento creio que a tem. Pois acredito que os senhores da ditadura, do poder absoluto não desapareceram na noite de 24 de abril de 1974.

Os até agora políticos estão no lodo, criado pelo sistema e pela estupidez.

Aos próximos atores da política desejo sorte. Não queria que bons homens e mulheres optassem por não fazer política. De fato é um nojo ver a sua vida ser vista e revista sem vez, suspeitas sobre suspeitas e quase sempre sem fundamento, por culpa de outros. Quero políticos como POLÍTICOS na busca do bem comum, e que ao abraçarem essas causas sejam por tal bem remunerados, bem responsabilizados e acima de tudo respeitados!

Disse.