Venezuela ameaça rever cooperação se EUA reintroduzirem sanções
O Governo da Venezuela ameaçou hoje rever os mecanismos de cooperação bilateral entre Caracas e Washington e revogar de imediato os voos de repatriação de venezuelanos se os EUA intensificarem as sanções económicas contra o país.
"Se derem o passo em falso de intensificar a agressão económica contra a Venezuela, a pedido dos lacaios extremistas do país (...) qualquer mecanismo de cooperação existente será revisto como contramedida à tentativa deliberada de atacar a indústria petrolífera e de gás venezuelano", anunciou a vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodriguez, na sua conta do X, antigo Twitter.
Os EUA anunciaram hoje que vão reativar as sanções contra o setor petrolífero e do gás venezuelano, denunciando o incumprimento por Caracas dos compromissos assumidos tendo em vista as eleições presidenciais deste ano na Venezuela.
"Na ausência de progresso (...) incluindo permitir que todos os candidatos presidenciais concorram nas eleições deste ano, os Estados Unidos não renovarão a licença (autorizando a compra de petróleo e gás venezuelano) quando esta expirar em 18 de abril de 2024", afirmou o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, em comunicado.
O Governo norte-americano considera que "as ações de Nicolas Maduro e dos seus representantes na Venezuela, incluindo a prisão de membros da oposição democrática e a proibição de candidatos concorrerem nas eleições presidenciais deste ano, são inconsistentes com os acordos" assinados pelos representantes do Presidente venezuelano e da Plataforma Unitária (oposição).
O Departamento de Estado assegura que os Estados Unidos continuam empenhados em apoiar o diálogo entre as partes e a colaborar com a comunidade internacional para assegurar o respeito pelo Acordo de Barbados, assinado entre o Governo venezuelano e a oposição em outubro de 2024 para a promoção de eleições limpas e justas em 2024.
A medida foi aplicada depois de na sexta-feira o Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela confirmar que a vencedora das eleições primárias da oposição, María Corina Machado, não poderá concorrer contra o atual chefe de Estado Nicolás Maduro nas presidenciais venezuelanas, previstas para o segundo semestre de 2024.
Delcy Rodriguez qualificou a posição de Washington de "chantagem grosseira e indevida".
Adianta ainda que "a partir de 13 de fevereiro vão ser imediatamente revogados os voos de migrantes e venezuelanos" e que "a Venezuela, inspirada na sua glória e dignidade históricas, continuará a esforçar-se para recuperar a economia venezuelana com os seus próprios esforços, em união nacional".
Na segunda-feira os EUA voltaram atrás no alívio de algumas sanções contra a empresa estatal Corporação Venezuelana de Guayana Minerven, dedicada à exploração e comercialização de ouro venezuelano.
A medida foi anunciada pelo Gabinete de Controlo de Ativos Estrangeiros (OFAC, sigla em inglês), num comunicado em que o Departamento do Tesouro ordena estejam concluídas antes de 13 de fevereiro todas as operações com a empresa atualmente a serem processadas.
A medida proíbe igualmente quaisquer transações que envolvam pessoas sancionadas pelos EUA, membros do Governo da Venezuela, do Banco Central da Venezuela e do estatal Banco da Venezuela SA Banco Universal.
Em março de 2019 o OFAC sancionou a Guayana Minerven e o presidente da empresa, Adrián António Perdomo Mata, por "apoiar o regime ilegítimo de Maduro", saquear a riqueza do país, pôr em risco povoações indígenas, invadir áreas protegidas e causar desflorestação.