Exército ataca Hezbollah um dia após morte de 'número dois' do Hamas
O Exército israelita atacou hoje posições do grupo xiita Hezbollah no Líbano, em retaliação a projéteis disparados daquele país, um dia após a morte em Beirute, num bombardeamento atribuído a Israel, do 'número dois' do movimento islamita palestiniano Hamas.
Num comunicado, as forças israelitas indicaram que a sua artilharia lançou um ataque contra "a origem do fogo" no sul do Líbano, depois de detetar o lançamento de projéteis sobre Israel que não causaram vítimas.
Posteriormente, o Exército israelita atacou com um tanque uma "célula terrorista" no Líbano, e um dos seus aviões de combate efetuou um ataque a uma infraestrutura e um "complexo militar" do grupo xiita em território libanês.
O Hezbollah advertiu de que "não ficará sem resposta" a morte do 'número dois' da cúpula política do Hamas, Saleh al-Arouri, e de mais seis pessoas no ataque israelita de terça-feira com um 'drone' (aeronave não-tripulada) ao gabinete do grupo islamita palestiniano no sul da capital libanesa, Beirute.
Al-Arouri foi um dos principais negociadores do Hamas na libertação dos reféns feitos pelo grupo no ataque a Israel, a 07 de outubro.
Esta foi a primeira vez desde o início da atual guerra na Faixa de Gaza que Israel atacou a capital do Líbano.
Os confrontos entre o Exército israelita e o Hezbollah estavam até então limitados às zonas fronteiriças no sul do território libanês.
A fronteira israelo-libanesa vive atualmente o seu período de maior tensão desde a guerra travada entre o Hezbollah e Israel em 2006, na sequência da intensificação dos ataques por milícias pró-palestinianas, no dia seguinte à eclosão da guerra entre o Hamas e Israel, a 07 de outubro.
Desde o início das hostilidades na zona, registaram-se pelo menos 177 mortes: 13 em Israel -- nove soldados e quatro civis -- e 164 no Líbano, entre as quais as de 127 membros do Hezbollah, 16 elementos de milícias palestinianas, um soldado e 20 civis (incluindo três jornalistas e três crianças).
Israel destacou mais de 200.000 soldados para a sua fronteira norte, onde a violência também desencadeou a deslocação de milhares de habitantes, com cerca de 80.000 pessoas retiradas de comunidades do norte de Israel e mais de 70.000 que fugiram do sul do Líbano.
A 07 de outubro, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) -- desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -- realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.139 mortos, na maioria civis, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas, e cerca de 250 reféns, dos quais 127 permanecem em cativeiro.
Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre ao norte do território, que entretanto se estendeu ao sul.
A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 89.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 22.000 mortos e mais de 57.000 feridos, na maioria civis, de acordo com o último balanço das autoridades locais, e cerca de 1,9 milhões de deslocados (cerca de 85% da população), segundo a ONU, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária.
Na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, mais de 300 palestinianos foram mortos desde 07 de outubro pelas forças israelitas e em ataques perpetrados por colonos.