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Segurança e transição energética

Na atualidade, o setor energético mundial é extremamente dependente dos combustíveis fósseis. O carvão, o petróleo e o gás continuam a ser essenciais para o desenvolvimento das economias nacionais, apesar dos esforços realizados pelos governos e organismos internacionais para diversificar as fontes de energia. Por conseguinte, os Estados visam assegurar o abastecimento dos recursos energéticos de maneira prolongada, estável e a preços competitivos. Não obstante, a distribuição dos hidrocarbonetos é assimétrica e encontram-se em diferentes áreas geográficas do mundo. Por isso, os países que carecem destes recursos são vulneráveis aos acontecimentos externos, tais como instabilidade no norte de África, na Península Arábica e no Médio Oriente, ataques de grupos extremistas islâmicos às infraestruturas petrolíferas dos países produtores, pirataria, fenómenos climáticos, ciberterrorismo, volatilidade dos preços de petróleo no mercado internacional, entre outros.

Nesta perspetiva, a segurança energética envolve uma mudança do modelo energético atual. Isto implica minimizar a dependência dos combustíveis fósseis, através da diversificação da matriz energética. Neste sentido, a União Europeia (UE) revelando elevado grau de dependência das importações de hidrocarbonetos (petróleo e gás) agravado pela recente invasão da Rússia à Ucrânia, colocou em evidência a sua vulnerabilidade política e económica, exigindo esta situação uma mudança urgente nas políticas energéticas da UE. Daí o surgimento do plano REPowerEU, que visa a acelerar o uso das energias limpas e a diversificação das fontes de abastecimento.

No âmbito internacional, os países menos desenvolvidos consideram injusto limitar o seu crescimento económico com base nestes pressupostos e solicitam aos países desenvolvidos apoios financeiros e tecnológicos para fazer face às alterações climáticas e aos objetivos de sustentabilidade ambiental estabelecidos em fóruns internacionais. Por outro lado, para os países produtores de petróleo e de gás este é um tema sensível, já que dependem destes recursos para impulsar a sua economia. Desta forma, temos Estados que não estão dispostos a sacrificar o seu crescimento económico em prol do meio ambiente. Como resultado, os hidrocarbonetos continuarão a ter um peso significativo na economia mundial, pelo que a tão desejada transição energética será lenta e altamente dependente de metais como o cobre, o níquel, o crómio entre outros.

Não obstante, os governos devem criar as condições e infraestruturas necessárias para o desenvolvimento das energias limpas, em parceria com o setor privado. Na diversificação da matriz energética podemos considerar as energias renováveis, hídrica, eólica, solar, biomassa, energia nuclear, biocombustíveis e hidrogénio. Contudo, após o acidente nuclear de Fukushima no Japão em 2011, a energia nuclear começou a ter menos peso no mercado energético mundial devido aos elevados custos e riscos associados.

Em suma, podemos considerar as fontes de energia limpa como fundamentais para garantir a segurança enérgica, visto que servem de alternativa às importações de hidrocarbonetos e reduzem a dependência face ao exterior. Além disso, a transição para um novo modelo energético deve ser compatível com a redução das emissões de dióxido de carbono e com a proteção do meio ambiente de forma geral.