Encerrado ponto de passagem para ajuda humanitária em Gaza após protestos
Os camiões que transportavam ajuda humanitária de Israel para o sul da Faixa de Gaza tiveram hoje de voltar para trás, após o encerramento do ponto de passagem devido a manifestações a favor da libertação dos reféns israelitas.
"Cerca de 200 manifestantes" reuniram-se em torno do ponto de passagem Kerem Shalom, de acordo com o Cogat, órgão do Ministério da Defesa de Israel que coordena as atividades civis do exército nos territórios palestinianos ocupados, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).
Em comunicado, o exército de Israel informou hoje que o perímetro do ponto de passagem era agora uma "zona militar fechada".
Os manifestantes exigiram que a ajuda não chegasse a Gaza até que os reféns fossem libertados.
Alguns manifestantes têm familiares ainda mantidos como reféns, segundo o depoimento de um deles à AFP.
"Não queremos que nada entre em Gaza, porque tudo o que vem do Egito para Gaza vai diretamente para os terroristas", disse Shoshi Strikowski, um dos manifestantes.
Vinda de Bet Shemesh, cidade de Israel a mais de 100 quilómetros de distância do ponto de passagem Kerem Shalom, Batia Cheremberg decidiu juntar-se aos manifestantes: "Não somos amigos dos habitantes de Gaza, eles são nossos inimigos e não ajudamos os nossos inimigos."
Apenas duas passagens fronteiriças permitem a entrega de ajuda na Faixa de Gaza, Rafah, na fronteira com o Egito, e Kerem Shalom, no sul de Israel.
O Tribunal Internacional de Justiça de Haia decidiu esta sexta-feira que Israel deve facilitar a entrega de ajuda humanitária "urgente" ao território palestiniano, bombardeado há mais de três meses, além do reforço de um bloqueio com mais de quinze anos.
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano Hamas, em 07 de outubro, no sul de Israel, que resultou na morte de 1.140 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP, com base em números oficiais.
Cerca de 250 pessoas foram raptadas em Israel durante o ataque e levadas para Gaza, das quais cerca de 100 foram libertadas no final de novembro durante uma trégua.
Segundo as autoridades israelitas, 132 reféns continuam detidos na Faixa de Gaza, incluindo 28 presumivelmente mortos.
Em retaliação, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas, que tomou o poder no território costeiro em 2007.
Segundo o Ministério da Saúde do Hamas, 26.422 pessoas, a grande maioria mulheres e menores, foram mortas em operações israelitas.
Na quinta e sexta-feira, os manifestantes israelitas já se tinham dirigido ao ponto de passagem de Kerem Shalom e impediram a passagem de camiões de ajuda humanitária no terminal.
"A incapacidade de fornecer alimentos, água e ajuda médica irá piorar a já desastrosa situação humanitária", lamentou o gabinete de coordenação da ajuda humanitária da ONU (OCHA).
No passado domingo, o Cogat informou que 260 camiões carregados com ajuda entraram em Gaza, "o maior número (de veículos) desde o início da guerra".
O grupo islamita palestiniano Hamas lançou em 07 de outubro um ataque surpresa contra o sul de Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados, fazendo duas centenas de reféns.
Em resposta, Israel declarou guerra ao Hamas, movimento que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e que é classificado como terrorista pela União Europeia e Estados Unidos.