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Tavares alerta que as "democracias e repúblicas perdem-se"

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Foto: ESTELA SILVA/LUSA

O porta-voz do Livre Rui Tavares avisou hoje que "as democracias e as repúblicas perdem-se", mas mostrou-se convicto de que é possível "evitar os erros do passado", num discurso em que apontou a erradicação da pobreza como prioridade.

No discurso de encerramento do XIII Congresso do Livre, que terminou hoje, no Porto, o fundador e deputado único, Rui Tavares, subiu ao púlpito para lembrar que há dez anos o partido realizava no mesmo auditório da Biblioteca Municipal Almeida Garrett o seu congresso fundador, em 31 de janeiro de 2014.

A data foi escolhida em homenagem à revolta republicana de 1891, período histórico que Tavares lembrou para deixar avisos sobre a atualidade.

"Se há dez anos foi tempo de lembrar o 31 de janeiro [de 1891] e se agora é tempo de lembrar os 50 anos do 25 de Abril de 1974 não nos podemos esquecer também de outra coisa: é que as democracias perdem-se, as Repúblicas perdem-se e nós podemos evitar os erros do passado", avisou.

Antes, o dirigente já tinha deixado um 'recado' inicial às forças políticas presentes no auditório - que não incluíram o Chega, por não ter sido convidado - dizendo que vai ser necessário ter "uma conversa muito séria e muito sólida para que esta democracia tenha mais 50 anos".

Uma das principais prioridades assumidas por Rui Tavares no seu discurso foi a da erradicação da pobreza "como fenómeno estrutural e permanente no país".

Para atingir este objetivo na próxima legislatura, Tavares propôs um reforço do abono de família ou o aumento do Complemento Solidário para Idosos (CSI), sem contudo especificar valores.

O partido recusa que o Estado social recue "um milímetro", mas Tavares considerou que este "pode ser mais flexível ou mais moderno", fazendo referência a medidas aprovadas no parlamento da autoria do partido como a atribuição do subsídio de desemprego para vítimas de violência doméstica.

Elencando algumas das conquistas do Livre na Assembleia da República desde a eleição em 2022, Tavares salientou que para aprovar iniciativas em democracia "é preciso maiorias", num claro apelo à união da esquerda parlamentar.

O deputado lembrou a criminalização de terapias forçadas de conversão sexual, medida que teve por base projetos de lei do PS, do Bloco de Esquerda, do Livre e do PAN e contou com o apoio, além dos proponentes, da Iniciativa Liberal e do PCP.

"Eu tenho a certeza que o Livre terá um grupo parlamentar reforçado, mas tenho mais dúvidas que tenhamos uma maioria absoluta e se calhar nem a desejamos", antecipou.

Tavares comprometeu-se com a defesa da regionalização, que consta do programa eleitoral do Livre, e defendeu a possibilidade de criar "cooperativas instantâneas nas quais as pessoas auto giram o seu negócio: "o tradutor, o desenhador, o jornalista, o intérprete".

"Isso significa cumprir a Constituição porque ela diz que o Estado português reconhece o direito à autogestão nos termos da lei, só que essa lei nunca foi escrita, é tarefa para a próxima legislatura", antecipou.

Durante o discurso, em palco, Rui Tavares teve atrás de si uma árvore de folhas vermelhas, uma faia, que o historiador disse ser "a árvore da liberdade".

"Quando começámos a construir a democracia, na Europa e nas Américas, com a revolução francesa e americana, criou-se na altura um hábito. Esse hábito era que em cada cidade onde as pessoas faziam as suas assembleias plantar uma árvore", contou.

Após o encerramento, Rui Tavares plantou uma destas árvores no exterior da biblioteca municipal, aquela que será a primeira de várias que prometeu plantar pelo país ao longo da campanha eleitoral até março.