Solução ou problema?
Julgamento sumário na praça pública produz efeitos políticos imediatos
Boa noite!
De mais um dia de decisões adiadas sobra pouco. Quase nada, de jeito e concreto.
Miguel Albuquerque assumiu que deixa a presidência do Governo, sem precisar quando. Garantiu que só na próxima segunda-feira – o que vai rebentar com o fim-de-semana sossegado dos que não ganharam para o susto nos últimos dias - o Conselho Regional do PSD-M, partido que continua a ser por si presidido, ficará a conhecer e debater o senhor ou senhora que se segue no executivo, sendo certo que provavelmente será um dos actuais secretários regionais sem qualquer envolvimento na investigação judicial em curso. E reconheceu que "neste momento para bem da Madeira é necessário encontrar uma solução de estabilidade governativa", para a qual quer contribuir, sem estar metido em apertos, como se não fosse a instabilidade recente a encostá-lo politicamente às cordas.
Mónica Freitas, que tirou o tapete ao líder madeirense “por imperativos éticos”, mantém o acordo de incidência parlamentar com o PSD neste novo contexto, faltando saber o que fará se tiver alguma vez no parlamento de votar sobre o levantamento da imunidade do deputado Albuquerque. Quer ver uma mulher a chefiar o Governo porque seria um feito e confirma que a ameaça que resultou em cheio foi tomada em consonância com a estrutura nacional do PAN, o que revela que a autonomia da estrutura regional do partido é diminuta.
Marcelo Rebelo de Sousa disse tanta coisa que vale pouco ou nada. Entreteve as audiências com o jogo de palavras, ditou regras para a sucessão de Albuquerque e, acusado de ter dois pesos e duas medidas para situações idênticas, até já deu a entender que não haverá dissolução da ALM quando deixar de estar de mãos atadas, ao admitir da possibilidade do parlamento regional de aprovar o orçamento, cuja discussão ocorre entre 6 e 9 de Fevereiro. O que lhe escapou foi a moção de censura do PS, marcada para 7 Fevereiro, que tem prioridade legislativa, e que não cai por terra se Albuquerque não se demitir formalmente até lá.
Outros protagonistas puseram-se em bicos de pés ou insinuaram-se. Aos que aproveitam para galgar a onda, que agora tenta a todo o custo eleições antecipadas, exige-se lucidez -se não for pedir muito – pois a maior investigação judicial de sempre continua em curso, os envolvidos são para já apenas suspeitos e a presunção de inocência deve ser respeitada. Aos miseráveis da baixa política exige-se dedicação pois passaram o dia a apanhar papéis, cilindrados pela velocidade da actualidade, sem nada de útil feito em nome do povo. Aos decisores que têm nas mãos o poder de traçar um rumo para a Região e lançar bóias que tirem os desesperados do remoinho em que caíram sem culpa pede-se celeridade e verdade. A todos os outros que assistem de sofá incrédulos, recomenda-se serenidade. A Justiça não pode ter investido milhares numa operação sem precedentes só para que houvesse julgamento sumário na praça pública, com efeitos políticos imediatos.