PAN/Açores não teria subscrito acordo na região num cenário idêntico ao da Madeira
O porta-voz do PAN/Açores, Pedro Neves, disse hoje que, se o cenário pós-eleitoral de 2023 na Madeira tivesse acontecido nos Açores, com um partido a governar há mais de 40 anos, não subscreveria um acordo de incidência parlamentar.
À margem de uma ação de campanha para as eleições regionais dos Açores, na Ribeira Grande, o também candidato pelos círculos de São Miguel e de compensação foi questionado sobre a crise política na Madeira e a possibilidade de subscrever um acordo com o PSD se tivesse sido eleito para o parlamento madeirense.
"Não vou responder a isso, porque respeito a autonomia [...]. Posso é dizer de forma contrária: se fosse aqui nos Açores, tendo em conta as idiossincrasias dos Açores - e tendo em conta que era um partido que estava há 47 anos sem uma remodelação para uma mudança, neste caso - obviamente que nós não o faríamos", afirmou.
Em setembro do ano passado, a coligação PSD/CDS-PP ganhou as regionais da Madeira, mas sem maioria absoluta, levando o líder regional dos sociais-democratas e presidente do executivo madeirense desde 2015, Miguel Albuquerque, a assinar um acordo com a única deputada eleita pelo PAN, Mónica Freitas, para viabilizar a governação.
Na quarta-feira, o governante madeirense foi constituído arguido num processo em que é suspeito de corrupção, prevaricação, abuso de poder e atentado contra o Estado de Direito, entre outros crimes.
Na quinta-feira, em comunicado, o PAN/Madeira considerou que Albuquerque não tem condições para se manter como presidente e disse que poderá continuar a viabilizar o entendimento de incidência parlamentar se for indigitado um novo líder.
Por seu turno, o PS, o maior partido da oposição, referiu que não aceita a indicação de um novo presidente pelo PSD e entregou no parlamento uma moção de censura, que será discutida em fevereiro.
Pedro Neves referiu que, se o atual ou o antigo presidente do Governo dos Açores fossem suspeitos de corrupção, teria "obviamente a mesma resposta" do que o PAN/Madeira porque "não haveria sequer condições governamentais ou políticas para essas pessoas continuarem".
"Nós temos que ser coerentes. O PAN foi um dos primeiros partidos a meter medidas anticorrupção na Assembleia da República, é algo em que somos e sempre seremos bastante fortes", declarou.
O candidato assumiu que o caso pode ter "alguma contaminação", depois de nas regionais madeirenses ter havido "quase uma osmose entre o nacional e a Madeira", que espera não ver repetida nos Açores.
"Isto não pode ser uma rampa de lançamento nem para as regionais relativamente às [eleições] nacionais, nem vice-versa", disse.
Questionado sobre a ausência da líder nacional do partido, Inês Sousa Real, na ação de campanha desta manhã -- uma visita à Associação Terra Verde, na qual estava prevista a sua presença -, Pedro Neves disse compreender que o se passa na Madeira é muito grave e disse que estarão reunidos durante o dia.
Para a tarde está marcada uma nova iniciativa da candidatura, pelas ruas de Ponta Delgada, com a presença de Inês Sousa Real.